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Aeroporto de Cumbica tenta corrigir a rota

O novo administrador amplia estacionamento, vigilância e banheiros, mas corre contra o tempo para concluir as maiores mudanças, como o terminal 3, até a Copa

Por Flora Monteiro
Atualizado em 1 jun 2017, 17h54 - Publicado em 27 dez 2012, 17h58
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  • O Aeroporto Internacional de Guarulhos prevê bater em 2013 a marca de 1.000 movimentos (pousos e decolagens) em um único dia. Seu recorde atual, de 918, ocorreu em 14 de novembro, quando cerca de 104.000 pessoas viajaram para aproveitar o feriadão da proclamação da República. Por coincidência, na mesma data houve uma importante transição na administração do maior terminal aéreo do país, agora chamado também de GRU Airport. A gestão do complexo foi transferida oficialmente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) para o consórcio formado pela administradora sulafricana ACSA e pela Invepar (aliança de fundos de pensão brasileiros com a construtora OAS), que adquiriu o direito por duas décadas ao preço de 16,2 bilhões de reais, em um leilão realizado em fevereiro de 2012, com o compromisso de investir 3 bilhões de reais até 2014. Entre os desafios que os novos gestores têm pela frente, o maior é adequar a estrutura ao fluxo crescente de passageiros, que chegou a 33 milhões no ano passado, um estouro de 53% em sua capacidade. O sufoco é ainda mais acentuado nos períodos de férias, quando o movimento cresce 30% em relação ao dos dias normais.

    Do pacote de mudanças, algumas já são visíveis. As áreas de banheiros triplicaram, 1.200 luzes de LED foram instaladas, há 720 novas placas de sinalização e as vagas de estacionamento de 4.150 para 4.900. No último caso, a mágica se deu com a eliminação de canteiros, nos quais vários motoristas insistiam em deixar o carro de forma irregular em dias de superlotação. As maiores alterações, porém, estão por vir. Um edifício-garagem com oito pavimentos e espaço para 2 400 veículos tem abertura prevista para abril. Em junho, a área de free shop deve crescer de 1.885 para 4.000 metros quadrados.

    Para agilizar o embarque, esteiras ligadas aos aparelhos de raio X foram ampliadas de 1,2 para 4 metros. Assim, os usuários conseguem ter acesso a seuspertences mais rapidamente. A passagem pela imigração, outro dos grandes gargalos, só será melhorada em julho. Brasileiros portando passaportes com chip se dirigirão a postos expressos. “Vai demorar quinze segundos por pessoa, ante os trinta atuais, o que reduzirá as filas”, calcula o delegado da Polícia Federal Rodrigo Weber. Nos últimos dois anos, a demora chegou a três horas em dias tumultuados.

    O patrulhamento do saguão está sendo reforçado, com vigilantes em bicicletas e carrinhos motorizados, além da instalação de novas câmeras. No total, o número de equipamentos saltou de 652 para 700, de forma a cobrir alguns pontos cegos que facilitavam a ação de quadrilhas especializadas em roubo de bagagens. Nos próximos meses, eles devem chegar a 850. Apesar do aumento, a quantidade ainda é pequena se comparada à que existe na infraestrutura de aeroportos internacionais. No John F. Kennedy, em Nova York, há 4 500 monitores, por exemplo. No comando do consórcio administrador do aeroporto está o engenheiro Antonio Miguel Marques, que foi diretor executivo da Vale e presidente da Camargo Corrêa Construção. “Temos prazos curtos e não há tempo para errar”, reconhece. Uma prova desse cronograma, tão apertado quanto as poltronas das companhias de baixo custo, é que as duas reformulações cruciais têm inauguração marcada para abril de 2014, a apenas dois meses da Copa do Mundo. Uma delas consiste na ampliação da largura da pista maior, de 45 para 60 metros, com o objetivo de receber gigantes como o Airbus A-380, e permitir pousos e decolagens simultâneos. “Nas condições atuais, a extremidade das asas passaria sobre a região do gramado, com risco de colisão”, afirma Ronaldo Jenkins, diretor de segurança e operações de voo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). A reforma será feita de madrugada, entre fevereiro e junho, período no qual apenas a pista menor receberá voos.“Como a demanda no período não é grande, não será preciso remanejar o fluxo”, explica o coronel aviador Ary Bertolino, chefe do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea da Aeronaútica. Alguma alteração de rotina, contudo, é inevitável. “Parte dos aviões deverá estar mais leve para atuar no espaço limitado. Por isso, conforme o caso, será preciso diminuir a oferta de assentos ou o peso da bagagem.”

    O outro desafio envolve aprontar a tempo o terminal 3, fundamental para absorver a demanda das companhias. Terá 190 000 metros quadrados, mais do que o 1 e o 2 juntos. Com ele, a capacidade de Cumbica aumentará dos atuais 21,5 milhões para 33 milhões de passageiros — ou seja, o investimento vai adequar a capacidade do aeroporto ao atual fluxo de usuários, eliminando a superlotação. O terminal 3 é também estratégico para o negócio, pois concentrará os restaurantes e as lojas de luxo. “Já acertamos com as grifes Salvatore Ferragamo e Chanel”, anuncia Marques. Procuradas, as marcas não comentaram a informação. Em junho de 2014, um hotel cinco-estrelas deve abrir as portas.

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    Cumbica
    Cumbica ()

    Em 2011, 65% do 1,1 bilhão de reais da receita de Guarulhos veio de tarifas aeroportuárias de passageiros e cargas e 35% de lojas, restaurantes e estacionamento. “Vamos inverter essas porcentagens e fazer do varejo dois terços da renda”, prevê o administrador. O terminal 4, inaugurado em fevereiro do ano passado com o propósito de receber operações domésticas, ganhará uma temakeria e a rede de lanchonetes Bob’s, o que ajudará a resolver outra questão. Com opções escassas de alimentação, as empresas relutam em agendar seus embarques e desembarques para lá. Mesmo com a superlotação de Cumbica, o galpão tem por enquanto apenas 17% de sua capacidade utilizada, já que a Trip é a única que opera no local.

    Na visão de especialistas, há ainda um longo caminho a percorrer para solucionar todos os problemas do aeroporto. “Com as obras, Guarulhos vai melhorar, mas continuará deficiente em vários aspectos”, afirma Renaud Barbosa, coordenador do MBA em logística empresarial da FGV. “Um exemplo disso é a criação de mais 22 pontes de embarque, muito pouco quando comparado aos terminais internacionais, que dispõem de mais de sessenta.” Outra questão: os projetos de transporte para facilitar o acesso ao aeroporto não serão entregues a tempo para a Copa do Mundo. O principal deles é a linha 13-Jade da CPTM, prevista para dezembro de 2014. Quando ficar pronta, ela ligará a estação Brás, na região central, ao aeroporto em 35 minutos. Por enquanto, parece um sonho.

    Plano de voo

    Principais mudanças já implantadas

    ✔ 1.200 lâmpadas trocadas

    ✔ 600 bancos reformados

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    ✔ Área dos banheiros triplicada

    ✔ 720 novas placas de sinalização instaladas

    ✔ O estacionamento agora comporta 4.900 veículos, contra os 4.150 de antes

    ✔ As câmeras passaram de 652 para 700

    ✔ O número de vigilantes foi de 524 para 600

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    Abril de 2013

    ✔ Haverá 7.300 vagas de estacionamento, com a inauguração do edifício-garagem

    Junho de 2013

    ✔ O total de câmeras chegará a 850

    ✔ A área do free shop passará de 1.885 para 4.000 metros quadrados

    Julho de 2013

    ✔ Passaportes brasileiros com chip terão liberação rápida no controle de fronteira

    Dezembro de 2013

    ✔ Aumentará a capacidade de aeronaves no pátio em 36 posições, totalizando 97

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    Abril de 2014

    ✔ O terminal 3 será concluído

    ✔ A largura da pista principal mudará de 45 para 60 metros

    Maio de 2014

    ✔ As esteiras de locomoção que os terminais 2 e 3 serão concluídas

    Dezembro de 2014

    ✔ Linha da CPTM com acesso ao aeroporto

    ✔ Um monotrilho ligará todos os terminais

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