Quando recebeu o telefonema de Adib Jatene avisando do infarto, José Eduardo Sousa se preparava para fazer um cateterismo em outro paciente, em procedimento eletivo (ou seja, sem urgência, que poderia ser remarcado), no Instituto Dante Pazzanese, na região do Ibirapuera. Mandou cancelar o compromisso, pegou o carro e, “em uns dez minutos”, havia chegado ao HCor, no Paraíso, onde trabalha no mesmo andar que Jatene.
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Por trás da correria, além do dever médico, estava uma longa amizade, que começou em 1959, quando Sousa, hoje com 78 anos, era residente do Dante, e o colega trabalhava como cirurgião. Atuou na equipe liderada por Jatene na primeira cirurgia de ponte de safena do Brasil.
Depois, recebeu o incentivo do colega em suas próprias realizações: fez um procedimento pioneiro com stent no mundo, em 1978, e repetiu o feito na versão farmacológica da estrutura (dotada de medicamento que previne novas obstruções), em 1999.
Quando viu o velho conhecido na mesa de cateterismo, porém, esse histórico sumiu de sua cabeça. “Ali, era um paciente qualquer. Eu me afasto totalmente da pessoa”, diz Sousa, que fez o mesmo procedimento na mãe e no sogro.