Ao comprar um ingresso caro para um musical, o público espera um retorno do investimento. Com “A Família Addams”, não tem erro. Os personagens Gomez, Morticia e Vandinha são conhecidos dos quadrinhos do cartunista Charles Addams, da série de TV e do filme protagonizado por Raul Julia e Anjelica Huston. Quem encabeça os 27 atores e doze músicos no palco são os populares Daniel Boaventura e Marisa Orth. Para fechar o luxuoso pacote, Claudio Botelho assina a adaptação da peça de Marshall Brickman, Rick Elice e Andrew Lippa, lançada na Broadway há dois anos e que tem, no Teatro Abril, a primeira montagem internacional.
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Trata-se de uma história cativante e de uma produção à altura do gênero — um prato sob medida e sem temperos ousados para quem deseja devorá-lo. O espetáculo cativa mais pelo coração do que pelos efeitos especiais, com uma trama calcada no humor e na discussão de valores baseada em temas como amor, fidelidade e tolerância. O clã de Morticia (Marisa) e Gomez (Boaventura) passa por uma crise. Vandinha (Laura Lobo, responsável pelos melhores números) arrumou um namorado “normal” e quer marcar um jantar de noivado. Cúmplice da garota, Gomez fica preocupado com a reação da mulher e decide poupá-la, pelo menos até o encontro com o genro (Beto Sargentelli) e os pais dele (Wellington Nogueira e Paula Capovilla). Destaque absoluto, Boaventura dá um show, hilário e sem medo de beirar a caricatura.
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Na segunda semana, Marisa Orth, mesmo com seu carisma habitual, ainda parecia pouco relaxada para soltar a veia cômica. Talvez seja questão de tempo. Sob a direção cênica de Jerry Zaks e musical de Mary-Mitchell Campbell, ainda estão os atores Nicholas Torres, Iná de Carvalho, Claudio Galvan e Rogério Guedes.