Um Berço de Pedra
- Direção: William Pereira
- Duração: 100 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Coletâneas de textos são uma fórmula arriscada. Se uma unidade de dramaturgia e direção não for estabelecida, o espetáculo pode parecer uma sucessão de histórias descompassadas. Um Berço de Pedra reúne cinco peças curtas de Newton Moreno em torno de um recorte — a maternidade confrontada com a tragédia —, e a encenação de William Pereira encontrou um entrosamento entre as principais personagens. As protagonistas são defensoras incansáveis do poder materno. Na abertura, Canteiro comove o público com o diálogo entre duas mulheres. Lilian Blanc representa a senhora que teve o filho desaparecido na ditadura e, agora, descobre que o corpo do rapaz pode ter sido enterrado no jardim da viúva de um militar. Ápice da montagem, O Caminho do Milagre tensiona a plateia ao mostrar uma grávida (a atriz Cristina Cavalcanti) que visita um criminoso (o ator Eucir de Souza) na cadeia em um digno duelo de interpretações. Protagonizado por Luciana Lyra, o pungente monólogo Medea transforma o mito da tragédia grega em uma nordestina presa por infanticídio. Menos impactantes, as duas últimas histórias caem em exageros que diluem a força da montagem. Homônima ao conjunto, Um Berço de Pedra enfoca duas mulheres (Cristina Cavalcanti e Débora Duboc), uma delas grávida, em uma zona de guerra, enquanto Tráfego sugere um vai e volta do tempo com um homem que, ao nascer, foi vendido por sua mãe a um estranho em um sinal de trânsito. Nesses dois casos, a crueza não combinou com poesia. Estreou em 30/9/2016. Até 7/5/2017.