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Como São Paulo está ampliando seus serviços de saúde para pessoas trans

Cidade ganhou centro especializado em cuidados para a população e a oficialização da Rede Sampa Trans

Por Mattheus Goto
Atualizado em 27 jan 2023, 07h05 - Publicado em 27 jan 2023, 06h00

No mês em que transexuais e travestis celebram o Dia da Visibilidade Trans (no domingo, 29), a cidade ganhou, em 11 de janeiro, o Centro de Referência de Atenção à Saúde das Pessoas Transexuais e Travestis — Janaína Lima, no Bom Retiro, e a publicação da portaria n° 036/2023 no Diário Oficial de sábado (21), que consolida a Rede Sampa Trans.

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Recepção do Centro de Referência de Atenção à Saúde das Pessoas Transexuais e Travestis — Janaína Lima
Recepção do Centro de Referência de Atenção à Saúde das Pessoas Transexuais e Travestis — Janaína Lima (Edson Lopes Jr./Secom/Divulgação)

Essa rede é focada em promover políticas públicas e serviços essenciais para o grupo, no âmbito da rede municipal de atenção à saúde de São Paulo. O sistema público paulistano já oferecia esse atendimento em 44 Unidades Básicas de Saúde (UBS).

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Agora, ambas as novidades “facilitam muito a garantia dos direitos e do acesso dessa população à saúde”, segundo Tânia Regina Corrêa, interlocutora da área técnica de saúde integral da população LGBTIA+ na Secretaria Municipal de Saúde. “A ideia é oferecer um serviço complementar ao existente.”

3 000 pessoas em acompanhamento na Rede Sampa Trans atualmente

Com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h, a nova unidade de saúde especializada — cujo nome homenageia a ativista morta em 2021, que foi a primeira travesti a assumir a presidência do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual paulistano e virou um símbolo da luta — oferece serviços e procedimentos ainda não realizados na rede.

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Foto do consultório mostra médica atenden paciente
Segundo Tânia Regina Corrêa, a ideia é ampliar o atendimento no novo centro com mais serviços que forem “pertinentes para a rede”, como casos de violência e acompanhamento de doenças sexualmente transmissíveis (Edson Lopes Jr./Secom/Divulgação)

Entre eles estão a hormonização para adolescentes a partir dos 16 anos; apoio psicossocial a familiares de crianças e adolescentes com variabilidade de gênero; acolhimento em saúde mental; pré-natal; abordagem para possíveis complicações causadas por implantes de silicone; e atendimentos a complicações cirúrgicas de afirmação de gênero.

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Trata-se do primeiro equipamento do tipo na esfera municipal — antes havia apenas ambulatórios da Unifesp e da Unicamp. A prefeitura desembolsou 143 000 reais em investimento para equipar o espaço e terá o custo mensal de 522 000 reais para manter as operações. A unidade conta com uma equipe multidisciplinar com 33 profissionais e 11 consultórios. A capacidade é de 1 252 consultas médicas e 516 consultas com equipe multiprofissional por mês.

35 vida da população trans, segundo dossiê de 2020 da Antra Brasil

A tradutora Linnara Rodrigues, 47, foi a primeira pessoa a ser acolhida na unidade, logo na inauguração. “A psicóloga me atendeu no mesmo dia, nem precisei marcar a consulta”, conta. Para ela, uma vantagem do novo centro é o atendimento rápido e direcionado. Isso porque nas UBS os profissionais atendem o público geral, o que gera uma fila de espera. “Já cheguei a passar em consulta com um médico em um dia e só ter disponibilidade para fazer um exame oito meses depois”, diz. “Nunca fui mal-atendida, mas é sempre aquela demora.”

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Foto mostra farmácia do Centro Janaína Lima com mulher atendente dentro da sala
“Temos uma linha de cuidado para essa população que nenhum outro município brasileiro tem”, afirma Tânia Regina Corrêa (Edson Lopes Jr./Secom/Divulgação)

No centro, ela está fazendo acompanhamento com psicólogo, fonoaudiólogo e nutricionista, e pretende começar em breve com psiquiatra e ginecologista. Outro ponto positivo que aponta é o horário de funcionamento estendido à noite, que vem de um entendimento da realidade do grupo e da “preocupação para atender o maior número de pessoas”.

Linnara sempre soube que era uma mulher trans, mas só assumiu sua identidade de gênero aos 44 anos, no fim de 2019. “Viver no armário não é bom para ninguém. Percebi uma melhoria na cultura da aceitação e vi que era a hora. Foi durante o Natal que me abri”, afirma. Ela já era casada com outra mulher e “deu muita sorte” de contar com o apoio da companheira e da família.

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No ano seguinte, iniciou o acompanhamento médico, mas acabou adiando o início do tratamento hormonal devido à pandemia da Covid-19, por apresentar comorbidades. Com a melhora desse cenário, decidiu começar a hormonização e passou em consulta com um profissional, que a direcionou para fazer exames endocrinológicos no Centro Janaína Lima. “Para mim, facilitou absurdamente. Pretendo começar em março.”

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