“Umnenhumcemmil” aborda crise de homem que não sabe mais quem é
Monólogo dramático é o terceiro de Cacá Carvalho baseado no universo do escritor Luigi Pirandello
Extasiado com a descoberta banal de que seu nariz pende um pouco para a direita, Vitângelo Moscarda (interpretado pelo bom Cacá Carvalho) passa a questionar a vida. Filho de banqueiro rico, ele enfrenta uma profunda crise pessoal. Com o tempo, separa-se da mulher, perde dinheiro e acaba sozinho como funcionário de um hospício, no qual busca sua identidade. Enquanto limpa o chão e rearranja cadeiras, o protagonista lembra-se de todas as máscaras usadas ao longo de sua trajetória. Para a esposa, foi o marido resignado Gegê. Outros o chamavam de usurário (agiota), apelido herdado do pai. Mas Moscarda não se reconhece em nenhum rótulo.
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Depois de “O Homem com a Flor na Boca” (1993) e “A Poltrona Escura” (2003), o monólogo dramático Umnenhumcemmil é o terceiro de Carvalho baseado no universo do escritor italiano Luigi Pirandello (1867-1936). Com adaptação de Stefano Geraci e do diretor Roberto Bacci, o texto de 1925 — o último de Pirandello — ganha riqueza quando o ator vai em direção à plateia. Nesse momento, o personagem tem reforçado seu lado mais verdadeiro, capaz de analisar todas as pessoas que Moscarda já precisou ser. Parte do público também sobe ao palco e, em silêncio, os espectadores provam a sensação de sair do conforto e atuar em um novo papel.
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