Feira para novos colecionadores reúne obras de até 15.000 reais
Batizada de Parte, ela acontece entre sexta (18) e domingo (20) no salão da Igreja da Unificação, em Pinheiros
Em geral, o ambiente das galerias intimida as pessoas pouco versadas no universo das pinturas, gravuras e esculturas. Não bastasse isso, há o problema do preço, às vezes alto demais para quem nunca investiu numa obra. Uma nova feira de arte contemporânea na cidade se propõe a ser uma porta mais amigável e acessível aos candidatos a entrar para o time dos colecionadores. Batizada de Parte, ela ocorre de sexta (18) a domingo (20), reunindo no salão da Igreja da Unificação, em Pinheiros, trabalhos de cerca de 300 artistas divididos em 22 estandes. É possível fechar negócios a partir de 450 reais, e nada do que estará exposto ali custará mais de 15.000 reais. Virgílio, Emma Thomas, Zipper e Fotospot são algumas das casas participantes da primeira edição. A lista de artistas representados inclui desde nomes experientes, a exemplo de Bob Wolfenson e Marcello Nitsche, até as jovens revelações Estela Sokol e Mariana Serri.
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O público que comparecer poderá ver outras atrações, como uma ação do coletivo Aluga-se. Vinte integrantes do grupo doaram obras, que serão colocadas em 150 caixas, três em cada uma, e então postas à venda por 290 reais. O visitante terá de comprá-las no escuro: apenas ao abri-las conhecerá as peças que levará para casa. A programação abriga ainda conversas com curadores e oficinas relacionadas à história da arte, voltadas para crianças a partir de 7 anos. Na sexta (18), às 19 horas, a Cosac Naify lança os primeiros cinco volumes da edição brasileira da Photo Poche, tradicional coleção francesa de livros de fotografia. Henri Cartier-Bresson, Man Ray, Sebastião Salgado, Elliott Erwitt e Helmut Newton são os nomes abordados nas publicações.
A Parte começou a tomar forma no início do ano, na cabeça da artista plástica Lina Wurzmann, formada em administração de empresas, e da advogada Tamara Brandt Perlman. “Nossa intenção era unir a demanda de pessoas que não têm condição de investir muito à oferta de artistas sem espaço para exibir suas realizações”, diz Lina. “Enquanto elaborávamos a ideia, visitamos a Europa, onde esse tipo de negócio está em grande expansão”, completa Tamara. Finalizado o projeto, a dupla definiu o teto de preço, tentando achar um valor razoável tanto para atrair o público como para recompensar os expositores. Cada galerista terá de incluir uma placa com o preço ao lado do trabalho exposto. Solução aprovada pelo empresário Oliver Mizne, colecionador há mais de dez anos. “A proposta é corajosa. Muita gente vê na arte algo caro e inacessível, e nem sempre é o caso”, acredita ele.
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O calendário paulistano já conta com um grande evento nessa área, a SP Arte. Realizada anualmente desde 2005, reuniu 89 galerias em sua última edição, catorze delas estrangeiras, e levou 18.000 pessoas ao Pavilhão da Bienal. Idealizadora do encontro, a advogada e colecionadora Fernanda Feitosa aprova a “irmã mais nova” e popular. “É um sinal de que há um público reprimido para esse tipo de coisa na metrópole”, afirma ela, que deu uma pequena consultoria às organizadoras da Parte em detalhes logísticos e administrativos. Lina e Tamara não veem as duas feiras ocupando o mesmo espaço. “Diria que a Fernanda toma conta do topo de pirâmide, enquanto a gente pretende contribuir para ampliar a base dela”, brinca Tamara.
TRABALHOS MAIS ACESSÍVEIS
Outras obras que estarão à venda na Parte
A bailarina Carolyn Carlson, em foto de Bob Wolfenson: à venda por 3.300 reais no estande do Fotopost.
Estudo de Grupo, assinado por Bartolomeo Gelpi: a Central Galeria de Arte pede 4.800 reais pelo óleo.
Escultura de Estela Sokol, da Zipper Galeria: cotada a 8.000 reais.