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O último voo de domingo: o corujão dos artistas

Histórias e percalços dos atores que pegam o derradeiro avião do fim de semana em direção ao Rio de Janeiro

Por James Cimino
Atualizado em 5 dez 2016, 18h03 - Publicado em 26 Maio 2011, 18h40
Claudia Jimenez
 (Divulgação/Divulgação)
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A última chamada para a ponte aérea dominical das 21h29 pode soar como os créditos de uma abertura de novela. Opção derradeira para quem parte de Congonhas rumo ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, o voo JJ3960, da TAM, acaba agrupando atores que se apresentaram nos palcos da cidade no fim de semana e têm de retornar para a capital fluminense, onde moram ou gravam novelas da Rede Globo.

No domingo passado, em viagem acompanhada pela reportagem de VEJA SÃO PAULO, estavam no chamado “corujão” das estrelas onze desses artistas, entre eles Paulo Betti, Julia Lemmertz, Orã Figueiredo e Deborah Evelyn (em cartaz com o espetáculo “Deus da Carnificina”), Claudia Jimenez, Ernani Moraes e Gabriel Borges (“Mais Respeito que Sou Tua Mãe”), além de Mônica Martelli, André Marques, Emanuelle Araújo e Roberta Rodrigues, que tinham outros compromissos por aqui. Chico Diaz, do monólogo “A Lua Vem da Ásia”, tentou fazer companhia aos amigos, mas não conseguiu passagem. Embarcou antes, às 21h10.

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Sentada na primeira fila do avião, Claudia Jimenez fala com todos e provoca risos ao soltar frases como “Ai, meu Pai!”, típicas de sua personagem Edileuza, do extinto programa Sai de Baixo. O bom humor só desaparece quando a atriz encara o serviço de bordo. “O sanduíche tem gosto de plástico”, diz, na frente dos comissários. “Em avião, até a Coca-Cola Zero é quente”, prossegue. “Por isso, quando viajo em classe executiva, eu chego e já peço para colocar a minha latinha no gelo do caviar…”

O papo continua. Paulo Betti conta que está transportando algumas caixas de papelão cheias de garrafas PET que juntou para a sua mulher, que confeccionará “joias” com o material. Na poltrona de trás, Julia Lemmertz relata a torcida de todas as semanas para que o avião não atrase, perdendo a chance de pousar no Santos Dumont, que fecha às 23h. Quando isso ocorre, é preciso aterrissar no Galeão, bem mais longe do centro do Rio. “O aeroporto está um caos”, diz ela. “É claro que a gente adora saber que todo mundo pode andar de avião hoje, mas, como em tudo no Brasil, a infraestrutura não acompanha.” Deborah Evelyn completa: “Outro dia, nessa troca de aeroportos, nossas malas se extraviaram. Perder bagagem na ponte aérea é o fim, né?”.

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Claudia volta a falar e começa a contabilizar os atores “faltantes” no voo daquele dia: Edwin Luisi (“Tango, Bolero e Cha Cha Cha”), Cristina Pereira e Ricardo Blat (cuja temporada de Pamonha & Panaca já se encerrou). Marco Nanini (“Pterodátilos”) procura sempre embarcar mais cedo, mas vez ou outra vai lado a lado com os colegas. Tuca Andrada costuma ficar de fora da turma, já que só consegue sair do teatro onde apresenta “Seis Aulas de Dança em Seis Semanas” depois das 21horas.

Em meio a tantos famosos, os pedidos de fotos e autógrafos ocorrem mais no check-in e na sala de embarque. O movimento dos comissários dentro do avião deixa as pessoas mais intimidadas. Bom para os artistas, que ganham espaço para comentar entre si a receptividade das plateias e os eventuais erros ocorridos nas apresentações.

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Paulo Betti se lembra dos voos do corujão dominical nos anos 70, época em que o cigarro ainda não havia sido banido das aeronaves. “O Paulo César Pereio vinha fumando, era uma bagunça.” Mas saudade maior, ele diz, ficou dos tempos em que Vasp, Varig e TransBrasil davam passagens aos atores em troca de agradecimentos na peça, o que raramente acontece hoje em dia. “É verdade, mas dizem que essas empresas faliram exatamente por causa disso”, emenda Deborah Evelyn.

Pouco antes de aterrissar, o avião sobrevoa o Estádio do Engenhão, onde Paul McCartney se apresentou. Deborah lamenta não ter ido ao show. Claudia, então, se lembra do fiasco que foi a exibição de Amy Winehouse: “Eu cheguei a comprar camarote, mas, quando terminei de abrir o pacotinho de amendoim, ela já tinha parado de cantar”, conta, mostrando aos outros passageiros que a turma do showbiz também pratica aquele pecadinho que os anônimos adoram: falar mal de celebridades. “Quando vi a Amy, pensei: aquela mulher não está mais entre nós!”

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Os dois lados da ponte

Uma troca de impressões dos artistas sobre as plateias das duas cidades:

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 “O Rio gosta de peças leves. Os bilheteiros contam que o sujeito chega e pergunta: ‘É comédia?’ ” – Paulo Betti

“O paulistano ri mais fácil que o carioca, que é mais debochado por natureza.” – Claudia Jimenez

“A plateia de São Paulo é mais justa e mais exigente. Aqui as pessoas têm de provar seu gabarito” – Chico Diaz

 

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