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Burberry se firma como uma das mais bem-sucedidas grifes de hoje

Marca do estilista Christopher Bailey não deixa de criar roupas para combater a neve, a chuva e o vento que sopra do Rio Tamisa

Por Simone Esmanhotto
Atualizado em 5 dez 2016, 18h10 - Publicado em 15 abr 2011, 20h11

Nem todas as invencionices da moda pairam a anos-luz de distância das necessidades básicas do closet humano. As mais bem-sucedidas, aliás, mantêm seu salto alto bem colado ao chão. Quanto mais prosaico o porquê da criação, maiores as chances de eficiência. É o caso do trench coat, peça fundamental para o faturamento de cerca de 3,2 bilhões de reais em 2010 da Burberry. Entre as grifes tradicionais de roupa, poucas podem se gabar de manter a atividade ininterrupta desde sua fundação como esta casa britânica, que tem duas lojas no Brasil: no Iguatemi daqui e no de Brasília.

Nada é mais elementar do que o motivo que fez a peça surgir. Em 1888 — 32 anos depois de estabelecer uma loja ao sul de Londres —, Thomas Burberry patenteou um tecido à prova d’água, ou seja, capaz de resistir às chuvas constantes da cinzenta Inglaterra e deixar a aristocracia sequinha nas caçadas e cavalgadas longe da capital: o gabardine. Os fios de algodão eram impermeabilizados antes da tecelagem e a trama do gabardine, muito mais apertada que a dos outros tecidos disponíveis. A consagração veio com a confecção dos casacos do Exército britânico no front da I Guerra: daí o nome trench coat, “casaco de trincheira”, que se tornou uma constante nas coleções da Burberry a partir de então. “Ele transcende idade, gênero e ocupação”, diz Christopher Bailey, o atual responsável pela direção de estilo.

Bailey assumiu as rédeas da criação em 2001, aos 29 anos, e transformou a Burberry numa das marcas mais poderosas da atualidade. O segredo do sucesso consiste no compromisso do estilista com a ideia original de Thomas Burberry: criar peças que façam sentido na vida do ser humano (de alta classe). “Penso permanentemente na nossa origem: por isso, o outwear (casacos e afins) e o trench são sempre o ponto de partida.” Tradição, no entanto, não é o que tem catapultado as vendas — principalmente entre as mulheres, responsáveis por um terço do faturamento da empresa.

Obcecado por tecnologia, Bailey planeja lançar mão de aplicativos capazes, por exemplo, de facilitar a vida de uma cliente de Hong Kong que esteja de férias em Nova York. Se a moça em questão passeasse pela Quinta Avenida, por exemplo, seria avisada de que o coturno da coleção atual que ela não encontrou perto de casa está disponível, no seu número, na loja da Rua 57. No desfile de inverno, Bailey chegou aonde ninguém conseguiu: colocou casacos e bolsas à venda imediatamente no fim da apresentação, com entrega prometida para sete semanas (inclusive às clientes que assistiram à apresentação da coleção na loja de São Paulo, quando a temperatura beirava os 30 graus lá fora). “Elas não querem mais saber qual a estação: se gostam de algo, querem já”, diz ele.

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