Fachadas chamativas aumentam o movimento das lojas
Um dos adeptos é Alexandre Herchcovitch, que muda o visual da loja a cada nova coleção
Numa época em que os letreiros das lojas devem seguir um padrão predeterminado — é assim desde que entrou em vigor a Lei Cidade Limpa, em 2007 —, os comerciantes quebram a cabeça para bolar meios de chamar a atenção dos consumidores. A aposta da vez entre alguns deles são fachadas enfeitadas com cores, grafites ou pinturas diferentões. “Pensei nisso numa viagem a Hong Kong, onde bares decoram as portas com desenhos”, afirma Marcos Sancovsky, proprietário da Arterix, ponto de venda de objetos de arte localizado na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros. Ele contratou o designer Loro Verz, que durante vinte dias subiu pelas paredes, literalmente, para dar novo colorido à superfície outrora monocromática. Uma vaca de fibra de vidro da exposição de rua ´’Cow Parade’ completa a decoração. “Meu movimento aumentou uns 30% com essa cara nova.”
Exteriores mutáveis são parte do cotidiano da Herchcovitch; Alexandre, no Jardim Paulista. A cada seis meses, a equipe de estilo apresenta os temas da coleção seguinte, e, entre eles, elege-se um para decorar o lado de fora do imóvel, na Rua Haddock Lobo. “Quando está embalada, a loja se destaca da paisagem habitual”, diz Daniel Gonçalves, do time de marketing da grife. Técnica semelhante foi usada no showroom de decoração da A Lot Of, a algumas quadras dali, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, com o exterior coberto por uma espécie de papel de parede composto de cartazes do tipo lambe-lambe. “A tinta dificultava a troca de fachada na velocidade que eu queria”, conta Pedro Franco, designer e proprietário do espaço, que planeja repaginar o lugar a cada dois meses.
Os comerciantes adeptos das fachadas alternativas costumam convidar gente conhecida para criar suas novas caras. A tendência vem de uma das precursoras nessa seara, a Galeria Melissa, na Rua Oscar Freire, nos Jardins, cuja área externa já recebeu intervenções de famosos como o decorador Marcelo Rosenbaum e a cantora Lovefoxx, da banda Cansei de Ser Sexy. Em setembro, quem deve assinar o “modelito” da A Lot Of é o estilista Jum Nakao. Para o arquiteto e consultor de consumo Maurício Queiroz, essas inovações proporcionam mais identificação com o consumidor. Segundo ele, experiências no exterior têm sido bem-sucedidas. A marca espanhola de roupas Desigual permitiu que clientes pintassem paredes de suas lojas, e a American Eagle, em Nova York, exibe em painéis eletrônicos imagens enviadas pelo público. “Hoje em dia, é possível ‘personalizar’ tanto os produtos quanto as lojas.”