Hospital público especializado em transplantes é inaugurado
Hospital Doutor Euryclides de Jesus Zerbini será mais uma opção para paulistanos que necessitam do serviço especializado
Os transplantes figuram entre os procedimentos mais fascinantes da medicina. Para pacientes com doenças graves, a possibilidade de substituir órgãos como coração, fígado e rim não é apenas um alento, mas uma razão a mais para batalhar pela vida. Quase 120 cirurgias do tipo foram feitas por dia no Brasil em 2009, o que representou um crescimento de 66% em relação ao ano anterior. “O resultado poderia ter sido ainda melhor se nosso sistema de recolhimento e distribuição de órgãos fosse mais ágil”, avalia o cirurgião Nacime Salomão Mansur.
Inaugurado na última terça-feira (15), o Hospital Doutor Euryclides de Jesus Zerbini tem tudo para ajudar a mudar esse cenário. Trata-se do primeiro complexo público especializado em transplantes de tecidos e órgãos do país. “A quantidade de operações do gênero em São Paulo poderá aumentar 25%”, afirma o secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata. “Com isso, o tempo de espera por órgãos vai diminuir.” Antes, os principais hospitais que realizavam transplantes pelo SUS eram o Albert Einstein, o São Paulo, o do Rim e o das Clínicas.
É uma excelente notícia não só para os paulistas: 21% dos transplantes feitos no estado em 2009 salvaram a vida de moradores de outras regiões. “Agora, menos pessoas precisarão se submeter a sessões de hemodiálise por falta de centros médicos especializados”, diz o cirurgião Otávio Monteiro Becker, o superintendente do novo hospital. A meta é realizar até o fim do ano 636 operações de transplante de medula óssea, pâncreas, rim e fígado.
Localizado no número 2651 da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no Jardim Paulista, o complexo funciona no mesmo prédio que abrigava o Hospital Brigadeiro. Cerca de 37 milhões de reais, pagos pelo governo estadual, foram gastos na reforma do edifício. A administração ficará a cargo da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), entidade vinculada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Com orçamento anual de 45 milhões de reais, o hospital, que homenageia o precursor dos transplantes de coração no Brasil, só atenderá pacientes do sistema público de saúde, o SUS. Por enquanto, apenas órgãos de doadores mortos poderão ser manipulados no local. Ao todo, são 153 leitos e 35 consultórios, nos quais oitenta médicos, entre nefrologistas, infectologistas e transplantadores, darão expediente. Para entreter enfermos e acompanhantes, foi instalado um computador com internet gratuita em todos os andares de internação.
O Centro Estadual de Análises Clínicas, montado no 1º andar, é a grande vedete do prédio. Ali serão feitos testes para avaliar a qualidade dos órgãos doados e monitorar os pacientes já operados. “Será possível executar aqui a análise de um fígado removido no interior”, exemplifica Becker. Uma equipe de médicos ficará de prontidão 24 horas por dia para recolher órgãos em qualquer canto do estado.
O CENTRO QUE CUSTOU 37 MILHÕES DE REAIS
636 transplantes de medula óssea, pâncreas, rim e fígado deverão ser realizados no local em 2010
153 pacientes poderão ser internados no complexo ao mesmo tempo
80 médicos, entre transplantadores, nefrologistas e infectologistas, foram contratados pelo governo estadual
45 milhões de reais é o orçamento anual do novo centro hospitalar
O REFLEXO DA DOAÇÃO