Nostalgia das gafieiras atrai jovens cansados do tuntuntum eletrônico
Espaços como a Aldeia Turiassu, o Tom Jazz e o Avenida Club abriram suas portas para os arrasta-pés
Sabe aqueles bailes dos anos 40, 50 e 60? Gafieiras onde casais dançavam ao som de samba, chorinho e outros ritmos suingados? Pois essas festas voltaram à moda na cidade. Espaços para shows e boates como a Aldeia Turiassu, o Tom Jazz e o Avenida Club abriram suas portas para os arrasta-pés. No dia 23, os cariocas da Orquestra Imperial tocam no Citibank Hall, em Moema. O clima é de nostalgia. Damas enfileiradas ficam à espera de algum cavalheiro que as tire para dançar, casais bailam entrelaçados e rapazes vestem-se como os tradicionais malandros do Rio de Janeiro (chapéu-panamá, calça social, sapatos bicolores, camisa listrada e paletó aberto com um lenço no bolso). “Os jovens redescobriram o gênero”, acredita Fernando Butrico, saxofonista e produtor da Banda Glória, grupo que se apresenta duas vezes por mês na Aldeia Turiassu – o próximo show está programado para o dia 31.
“Os garotos não são tão atirados como os que freqüentam outras baladas”, diz a psicóloga Ana Carolina Nogueira, de 23 anos, que sai para rodopiar nas pistas ao menos uma vez por semana. Habituée de gafieiras, a empresária Flávia da Costa, de 28 anos, descobriu há um mês as domingueiras do Tom Jazz, comandadas pelo grupo Gafieira São Paulo. “Tenho aulas de dança desde 2000”, conta. “Mas é só na prática que a gente aprende de verdade.” Para o crítico e produtor musical Zuza Homem de Mello, a onda mostra que alguns jovens estão enjoados do tuntuntum das baladas de música eletrônica. “A juventude sente falta de suingue”, afirma Zuza, que lançará um livro de ensaios em setembro. Na publicação, haverá um capítulo sobre as orquestras brasileiras – muitas das quais tocaram em gafieiras.