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Condomínios investem em novas tecnologias para fiscalizar vigias

Pesquisa de empresa de segurança eletrônica mostra que 70% dos porteiros dormem durante o serviço noturno

Por Jussara Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 14h01 - Publicado em 3 out 2014, 00h00
Biometria
Biometria (Divulgação/)
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Enquanto a cidade dorme, os funcionários a postos nas portarias dos 35 000 condomínios residenciais da capital deveriam estar alertas. Na realidade, nem sempre é assim. Moradores de um prédio na Rua Ministro Godói, em Perdizes, por exemplo, acostumaram se a sacudir o plantonista em plena soneca no meio do expediente noturno, o que põe em risco a proteção do edifício e a vida do próprio funcionário. A prática de cochilar tornou-se mais evidente após a contratação, em junho, de um “sistema antiarrastão”, para combater o crime temido por quem vive em  apartamento. A tecnologia consiste no monitoramento da guarita em tempo real, com a instalação de câmeras conectadas a uma central externa. O objetivo original do serviço era registrar e  acompanhar a ação de invasores. Mas ele acabou funcionando mais como vigia do vigia.

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Nos três meses de operação, as cenas que chamaram mesmo atenção foram os vários flagrantes de cochilo na guarita. Nessas ocasiões, técnicos da central telefonam para despertar a pessoa. A cada trinta dias, um relatório é enviado ao condomínio. “Nos primeiros  dias, os vigias estranharam a medida,mas depois se acostumaram e ficaram mais atentos”, conta o síndico Alexandre Garcia do Souto. Uma das empresas especializadas no serviço, a WL Segurança Eletrônica fez um levantamento inédito que quantificou o problema. De janeiro a agosto deste ano, com base no monitoramento de 66 guaritas na capital, a companhia registrou um cenário preocupante: cerca de 70% dos porteiros dos horários noturnos pegam no sono em algum momento do plantão. Os flagrantes mostram desde “pescadas” inocentes até sonecas mais profundas. “É um problema grave, pois é no período noturno que o prédio fica mais vulnerável”, afirma Marcelo Lancellotti, diretor técnico da WL.

 

A procura por esse novo serviço de monitoramento vem aumentando na metrópole. Ele custa 500 reais por mês (uma guarita). Na Haganá Segurança, que opera em 450 edifícios da cidade, o crescimento foi de 30% nos últimos dois anos. A demanda aquecida está ligada principalmente ao medo dos arrastões. Mas o uso que a tecnologia vem tendo como vigia do vigia é um plus importante. Ao mesmo tempo que agrada aos clientes, está incomodando o sindicato que representa os empregados. “Somos contra esse tipo de patrulha”, critica o presidente do Sindifícios, Paulo Ferrari. A média salarial da categoria é de 1 300 reais, excluindo-se adicional noturno e hora extra. “Muitos são obrigados a cumprir dupla jornada para completar a renda”, diz Oswaldo Oggiam, diretor da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança.

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O sistema antiarrastão inclui outros serviços. Os mais comuns são sensores que indicam se a porta da guarita está aberta, a exigência de senha para acessar a cabine e uma espécie de “botão antipânico”. Nesse caso, em momentos de perigo, o funcionário digita um código em um painel e a equipe de segurança externa é informada. Um levantamento do Secovi, o sindicato da habitação, mostra que cinco arrastões ocorreram na cidade neste ano. No ano passado, foram treze.

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Outras estatísticas ajudam a explicar a atual sensação de insegurança, O número de roubos por aqui aumentou 32%. De janeiro a agosto de 2013, foram 82 573, contra 109 140 no mesmo período deste ano. O ataque de bandidos a apartamentos continua frequente. A Haganá Segurança registrou três casos somente em setembro. “Os criminosos tentam invadir passando-se por funcionários ou parentes de um morador”, diz o diretor operacional da empresa, Ricardo Francisco Napoli da Silva. Em um edifício na Vila Mariana, houve duas abordagens suspeitas em agosto. Os bandidos fugiram depois que a segurança exigiu documento de identidade. “Passamos a pedir aos moradores que cadastrem os visitantes com antecedência”, conta o síndico Edson Lammoglia. Há dois anos, o prédio também investiu na blindagem da guarita e cercou o entorno com quarenta câmeras.

 

Devido a esse cenário, condomínios de alto padrão têm recorrido a outros aparatos, como controle de acesso por biometria (veja detalhes no quadro). “Isso era comum em prédios comerciais e começou agora a migrar para os residenciais”, afirma Fernando Moreira, diretor do Grupo GR, responsável por 500 endereços na cidade. Nos últimos meses, quinze deles adotaram o sistema de leitura de digitais. É o caso de um luxuoso condomínio nos Jardins onde funcionários e moradores dos trinta apartamentos, além dos visitantes, precisaram cadastrar os “dedos” para entrar no local.

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Os antigos controles de garagem  também estão com os dias contados. Novos sistemas, como o que lê a placa  do veículo antes de abrir o portão, começam a ser utilizados. Para 2015, a novidade do mercado será um equipamento de reconhecimento facial, para acesso ao edifício, ainda sem estimativa de preço. “A segurança predial é um tripé que envolve equipamentos atualizados, funcionários treinados e moradores que respeitam regras”, entende o vice-presidente do Secovi-SP, Hubert Gebara.

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Atenção reforçada

Alguns produtos e serviços que estão ganhando espaço na capital*

Blindagem de guarita

A cabine dos porteiros recebe vidros à prova de tiros

Preço: 25 000 reais

Entrada com biometria

O acesso pela portaria só é liberado com a leitura e a confirmação da digital do morador ou visitante (foto)

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Preço: 3 000 reais

Identificação digital de veículos

O portão da garagem é acionado após uma câmera identificar a placa do carro

Preço: 7 500 reais

Sistema antiarrastão

Monitoramento em tempo real da cabine, criação de senha de acesso e instalação de sensores nas portas e de “botão antipânico”

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Preço: 500 reais por mês

* Levantamento realizado nas empresas GR, WL Segurança e Haganá para uma guarita de 4 metros quadrados

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