Vendida como LSD, droga usada por Victor Hugo é mais perigosa
NBOMe provoca alucinações e estímulos cerebrais intensos e pode causar falência cardíaca, tremores e convulsões
O NBOMe, droga identificada no laudo do Instituto de Criminalística (IC) nos exames do estudante Victor Hugo Santos, encontrado morto na raia da USP, é vendida como ácido lisérgico, o LSD, mas, de acordo com especialistas, é mais forte e perigosa.
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Diretor do Centro de Assistência Toxicológica da USP, o médico Anthony Wong afirma que a droga provoca alucinações e faz a pessoa ter a sensação de que está desconectada do ambiente. “É uma droga muito violenta, que causa estímulo cerebral intenso”, afirma Wong.
O NBOMe, explica o médico, pode alterar o ritmo do coração, levando à parada cardíaca. Além disso, pode afetar os rins e cérebro e os rins, provocando tremores e convulsões. “A maioria das mortes, no entanto, não acontece por overdose, mas em consequência ao uso da droga, como no caso do estudante”, afirma o especialista.
O NBOMe pode ser injetado, inalado ou absorvido pela mucosa oral. É comum pôr algumas gotas em torrões de açúcar ou papéis e ingerir. A droga foi sintetizada em 2003 e começou a fazer sucesso entre jovens na Europa e nos Estados Unidos a partir de 2010. Atualmente, é produzida principalmente na China e no continente europeu e traficada para todo o mundo.
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Ela chegou ao Brasil em 2012 e passou a ser vendida como LSD, que mais cara e pode desencadear esquizofrenia. “Durante a Copa do Mundo, vendiam o NBOMe como se fosse ácido lisérgico. Essa droga, no entanto, é mais barata, mais fácil de sintetizar e vende mais”, diz Wong. “Essa molecada não sabe o que está usando. Estão brincando com fogo”, alerta.
O corpo de Victor Hugo Santos foi encontrado no dia 23 de setembro na raia olímpica da USP. Três dias antes ele havia participado de uma festa no Velódromo da universidade e sumiu depois de avisar os amigos que iria comprar uma cerveja.
Para obter informações sobre a morte do rapaz, a família iniciou uma campanha na internet e prometeu 10 000 reais para quem fornecesse alguma informação que ajudasse a elucidar a morte.
De acordo com o advogado Ademar Gomes, após a divulgação do laudo, a família ainda tem dúvidas, por exemplo, de como o estudante chegou até o local. “Eles não se conformam, querem saber como ele teve acesso à raia.”