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Festejada dupla OSGEMEOS exibe trinta telas inéditas em São Paulo

Grafiteiros estão há cinco anos sem fazer mostras por aqui. Evento promete ser o novo blockbuster artístico da cidade

Por Laura Ming
Atualizado em 5 dez 2016, 14h21 - Publicado em 19 jun 2014, 22h00

O mundo surreal onde vivem seres amarelos em paisagens impossíveis fez a fama dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, de 40 anos. Mais conhecidos como OSGEMEOS, eles começaram a carreira grafitando os muros do Cambuci, bairro em que nasceram. Há tempos seus trabalhos foram incorporados ao circuito das artes, o que inclui uma exposição na Tate Modern, em Londres, e vendas na prestigiada casa de leilões Christie’s. Desde o iníciodo mês, os artistas trabalham diariamente para materializar esse universo lúdico, que batizaram de Tritrez, no Galpão Fortes Vilaça, na Barra Funda. Ali, abrem uma mostra no domingo (29), após cinco anos sem expor por aqui. Esse hiato ocorreu como efeito do sucesso dos rapazes. Com inúmeros compromissos no exterior, eles custaram a ter agenda para protagonizar um evento desse porte na capital.

 

O negócio promete ser o próximo blockbuster artístico da cidade. Na galeria será possível conferir trinta telas inéditas, além de uma animação em 3D, muitas com cenas de nudez feminina, algo que não era tão comum no trabalho dos artistas. “Nós gostamos de mulher”, simplifica Otávio, recém-separado da também grafiteira Nina, com quem foi casado por doze anos. A nova exposição trará ainda uma escultura secreta, a maior já feita pela dupla, com 5 metros de altura. O projeto foi desenvolvido pelo irmão mais velho, Arnaldo, de 51anos, que construiu os protótipos da obra. “Sou eu quem os traz para o chão, senão eles sempre ficam voando”, diz o técnico em mecânica. É bom aproveitar a oportunidade. Em setembro, eles embarcam para o Canadá para participar da Bienal de Vancouver e em seguida vão à Letônia para pintar um mural. Para se ter uma ideia da expectativa em torno do acontecimento, pela primeira vez a galeria reforçou a equipe de segurançase contratou monitores — preocupações típicas de museus — para receber as prováveis filas de visitantes.

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Como esses artistas ficaram tão populares? “A estética deles não é suja. O agradável é historicamente aceito por ser mais acessível”, diz o curador do Masp, Teixeira Coelho. A fama internacional começou com o grafiteiro californiano Barry McGee, em 1993. Em uma passagem pelo Brasil, ele se encantou com a técnica dos irmãos, que então trabalhavam como office-boys em um banco. Diferentemente de seus pares, OSGEMEOS usam recursos típicos da pintura em suas composições, como cenários em perspectiva e um sombreado de spray roxo ao redor das imagens, o que proporciona volume aos personagens, criando a ilusão de que eles saltam dos muros. Apesar de não terem feito faculdade, eles vieram de família com gosto pelas artes. O avô os levava à Pinacoteca do Estado para cursar classes de desenho; com os pais, visitaram o ateliê de Alfredo Volpi, que também vivia no bairro do Cambuci. A primeira latinha de spray foi presente da mãe. Ela liberou a pintura de uma parede de casa (que acabou virando o quarto inteiro).

 

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Depois que passaram a ser representados por uma galeria em Nova York, fizeram exposições em quinze países, pintaram um castelo na Escócia, trens em Porto Alegre, São Paulo e Recife e, mais recentemente, o avião que transporta a Seleção Brasileira de Futebol durante a Copa. Decoraram a residênciado jogador Ronaldo, do ator Johnny Depp e do ex-ciclista Lance Armstrong.

Fizeram um modelo de tênis para a Nike e lenços para a Louis Vuitton — o que lhes rendeu a acusação de que seriam o próximo Romero Britto. E amplificaram o valor de suas telas de 20 000 para 130 000 dólares. “Eles inovaramao enxergar a cidade como uma plataforma a ser usada e conseguiram abrir portas para o mercado das artes”, diz Baixo Ribeiro, da galeria Choque Cultural, especializada em arte de rua. A crítica e os colecionadores tradicionais, porém, torcem o nariz para a dupla e acusam os rapazes de superficiais, marqueteiros ou simplesmente se recusam a considerar seu trabalho como arte, classificando-o como entretenimento. Não que isso os abale. “É normal ter crítica, mas eu sou o crítico do meu irmão e ele é o meu. E já está bom”, afirma Otávio.

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