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Novos bares, cafés e restaurantes dão cara moderninha ao centro

Jovens empresários investem na região e atraem público descolado 

Por Tatiana Izquierdo
Atualizado em 20 jan 2022, 09h20 - Publicado em 13 fev 2015, 12h00
drosophyla
drosophyla (Divulgação/)
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Durante muito tempo, a região do centro ficou fora do eixo das novidades gastronômicas da capital. Prevaleciam ali endereços tradicionais, como o francês La Casserole, aberto no Largo do Arouche em 1954. De uns anos para cá, essa situação começou a mudar, em consequência da chegada de casas como a balada Alberta 3 e o Bar da Dona Onça. O movimento ganhou um impulso maior com a inauguraçãode uma leva de nove estabelecimentos desde o fim do ano passado, entre lanchonetes,cafés e restaurantes. Em comum, eles investem no estilo moderninho, na tentativa de fisgar um público mais descolado.

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Exemplo disso é o Holy Burger, instalado desde dezembro próximo à Rua Major Sertório, manjadíssimo ponto de ferveção noturna graças à concentração de boates de strip-tease. Em um salão com capacidade para trinta pessoas e decoração rústica, composta de cartazes lambe-lambes colados na parede, canos à mostra e luz baixa, são servidos seis tipos de hambúrguer, como o saint gorgon, feito no pão preto, com queijo gorgonzola, cebola caramelada, agrião e maionese. “Quem mora por perto precisa ter mais opções culinárias”, entende Gabriel Prieto, um dos sócios, ao lado de Marcus Vinícius e Filipe Fernandes. Entre os atrativos para investir ali, foi considerado o valor mensal do aluguel: cerca de 2 500 reais. Para montar o mesmo negócio no Itaim Bibi, o gasto seria de três a quatro vezes maior.

O desafio dos professores de geografia Marcos Tomsic e Felipe Yabusaki, ambos de 31 anos, donos do café Por um Punhado de Dólares, em funcionamento desde o início de janeiro na Rua Nestor Pestana, é oferecer aos moradores e frequentadores do pedaço a qualidade que se encontra em estabelecimentos de outros bairros, como a Vila Madalena. O lugar de 110 metros quadrados, onde é servido um expresso a 4 reais, foi batizado em homenagem ao título de um faroeste cult do diretor italiano Sergio Leone.

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Na mesma rua, instalado num casarão tombado, fica o Drosophyla. Era um bar tradicional do Baixo Augusta, e desceu a ladeira rumo ao centro há um mês. O endereço original precisou ser desocupado devido a uma ação de despejo que envolvia a construção de um edifício. A proprietária Lili Varella explica a escolha do novo ponto: “O centro tem um charme indescritível. Os mais velhos revivem suas histórias do passado e os jovens estão escrevendo seu futuro. Tem gente de todo estilo, de qualquer tribo, de artistas a empresários”.

 

Fatores como a grande circulação diária de pessoas e o fácil acesso a fornecedores, além do intuito de fugir de bairros saturados, estão fazendo vários empresários se voltar para a área. A título de comparação, o metro quadrado do aluguel comercial num bairro como o Itaim Bibi custa em média 100 reais, enquanto no centro gira em torno de 30 reais. A questão da segurança, sempre citada como um dificultador na atração de investimentos, também deixou de ser uma barreira. “Estamos há cinco meses no local e nunca presenciamos assaltos nem brigas”, diz Prieto, do Holy Burger.

A oferta de bons restaurantes com propostas diferentes cresceu na esteira do fenômeno recente. Um deles, o La Central, funciona há pouco mais de dois meses no térreo do Edifício Copan. Nas obras para adaptar o ponto foi gasto aproximadamente 1,7 milhão de reais. Da cozinha com sotaque mexicano saem receitas como guacamole e fideos (macarrão típico com frutos do mar). O menu tem uma boa relação entre custo e benefício. Ali, uma refeição completa, com entrada, prato e sobremesa, sai em média por 70 reais. “Queremos oferecer comida a um valor justo”, afirma Camilla Barella, uma das sócias.

Em julho de 2014 surgiu nas imediações o Conceição Discos. O nome diz respeito ao curioso perfil do lugar: uma mistura de café, restaurante e loja de vinis. Assim, quem faz uma refeição por lá pode aproveitar para arrematar algum dos 500 bolachões oferecidos, entre discos de jazz e de rock clássico. A trilha sonora do ambiente sai de uma antiga vitrola instalada no salão. “Procurei durante três meses um lugar com uma veia pulsante e com a cara da cidade”, conta a chef Talitha Barros. “Não poderia ter achado um local melhor para montar o negócio.”

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