Procura por ambulatório que atende crianças e adolescentes transexuais cresce 60%
Aumento ocorreu nos últimos seis meses; busca é maior por parte de famílias de crianças entre 5 e 12 anos
A procura por atendimento no ambulatório do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas que recebe crianças e adolescentes com questões de transexualidade cresceu 60% nos últimos seis meses.
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Com um trabalho inédito na área, o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos) é o único no estado e foi o primeiro do Brasil a atender jovens com menos de 18 anos. Além dele, no país, há somente o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
As histórias dos menores em tratamento psicológico ou hormonal e os bastidores desse ambulatório especializado foram tema de reportagem de capa de VEJA SÃO PAULO de julho de 2015, quando o centro atendia apenas quinze crianças e 36 adolescentes.
Agora, o local está com triagens agendadas até 19 de setembro deste ano. Na lista de espera aguardando para conseguir uma consulta há um total de vinte crianças e 35 adolescentes. O agendamento pode ser feito por e-mail: amtigos.ipq@hc.fm.usp.br.
“Vamos tentar abrir brechas nos horários para tentar acelerar os atendimentos”, diz Alexandre Saadeh, coordenador do Amtigos. Ele explica que a procura tem sido maior por parte de famílias com crianças entre 5 e 12 anos. “O que ocorreu foi que os pais estão ficando muito mais atentos às questões de gênero após as reportagens veiculadas.”
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“O importante é refinar a questão do diagnóstico, pois recebemos muitas crianças que podem ser homossexuais no futuro, mas não têm questões de gênero, como a transexualidade, que é se identificar com o sexo oposto ao que nasceu”, explica. “Muitas vezes são meninos mais afeminados ou que apenas gostam de brincar de boneca, fato que pode significar absolutamente nada.”
Saadeh destaca os benefícios do acompanhamento desses jovens: “ Ver de perto como a criança lida consigo mesma e constrói sua personalidade. Evitar que se considere um monstro, uma aberração. Queremos adultos mais integrados e tranquilos para lidar com quem são”.