Trazendo a vida na voz
Em única apresentação no Sesc Belenzinho, Anna Setton leva novas e antigas composições ao palco

Anna Setton, 41, encarna perfeitamente a letra de Minha voz, minha vida, de Caetano Veloso, que ela interpreta lindamente em seu disco de estreia, Anna Setton (2018). Com versos como “Meu amor, acredite / Que, se pode crescer assim pra nós / Uma flor sem limite / É somente porque eu trago a vida aqui na voz”, a canção, imortalizada por Gal Costa nos anos 1980, ganhou frescor na interpretação de Anna — que, vale mencionar, tem um timbre vocal semelhante ao da cantora baiana, morta em 2022. Paulistana radicada em Portugal, Anna faz uma única apresentação em São Paulo nesta sexta (10), no Sesc Belenzinho. No repertório, músicas antigas encontram novas composições que deverão entrar no próximo álbum. “Esse trabalho será uma espécie de retorno ao meu primeiro disco, mas depois de ter passado por um processo de amadurecimento como artista”, diz ela, dona de um estilo musical que vem marcando a sua carreira ao misturar MPB e elementos da bossa nova, do samba e do jazz. No palco, além de Anna (voz e guitarra), estarão os músicos Edu Sangirardi (piano e arranjos), Thiago Alves (contrabaixo) e Vitor Cabral (bateria).

Como tantas outras de sua geração, Anna começou a carreira cantando na noite paulistana. Isso depois de se convencer de que cantar e tocar violão não era um hobbie e o diploma em Relações Internacionais não definiria o seu destino. Já a música… Por meio dela, a artista vem desbravando caminhos e explorando sonoridades, com excelência. E não passou despercebida, ganhando fãs do porte de Toquinho, com quem fez shows durante seis anos. “Anna não tem apenas talento e musicalidade, ela tem respeito pela melodia”, definiu o músico.
Seu primeiro disco solo traz composições autorais e regravações, como Minha voz, minha vida e Nature Boy, de Nat King Cole. “Esse trabalho tem um estilo mais jazzista”, diz. Entre as faixas compostas por ela, está Baião da Dora, parceria com seu marido e companheiro de palco, Edu Sangirardi, para a filha dos dois, hoje com nove anos. Idealizado durante a pandemia, Onde Mora Meu Coração, de 2021, é intimista, de voz e violão. O trabalho mais recente, O Futuro É Mais Bonito, de 2023, mostra outras sonoridades e enfatiza sua faceta pop — que independentemente do ritmo, sabe bem como se definir: “Hoje, morando no exterior, nunca me senti tão brasileira”.
Sesc Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho. Tel.: 2076-9700. Sex. (10), às 21h. R$ 18,00 a R$ 60,00. sesc.org.br