Expedições luxuosas: Swan Hellenic estreia cruzeiros na costa brasileira

Quando se pensa em uma viagem de cruzeiro, talvez a imagem comum seja de um navio de proporções imensas, com tobogãs e cassinos, um verdadeiro resort em alto-mar.

Mas existem outras experiências no mercado marítimo. Um exemplo? Um navio de luxo para 120 pessoas onde o foco são os destinos especiais por onde passa e não as atrações da embarcação — assim são as viagens da empresa britânica Swan Hellenic.

O conceito usado pela marca é de “cruzeiro de expedição” e seu foco são as viagens no Ártico (temporada de maio até setembro) e na Antártica (de novembro a março). Entre as duas épocas, os navios precisam navegar do Polo Norte ao Polo Sul, trajeto antes feito sem passageiros.

Em 2024, porém, a empresa decidiu expandir seus serviços e estreou uma primeira rota no Brasil, de Salvador ao Rio de Janeiro. “O grande desafio é entrar em um mercado bem consolidado de cruzeiros, com grandes companhias. Então oferecemos uma proposta alternativa, que são lugares únicos”, diz Patrizia Zito, filha de mãe brasileira e pai italiano, consultora da Swan Hellenic, com passagens pela Costa Cruzeiros e pela Silversea, e também esposa de Andrea Zito, CEO da empresa fundada em 1950 e relançada em 2020.

A Vejinha embarcou na viagem inaugural, chamada Soul, Samba and Sea: Journey to the Heart of Brazil (Alma, Samba e Mar: Viagem ao Coração do Brasil, em tradução livre), em novembro, a bordo do navio SH Vega, construído na Finlândia em 2022, com nove andares e capacidade para 158 pessoas e 122 tripulantes.

No percurso de seis noites, que se repetirá em 2025, foram quatro paradas: Itacaré, Trancoso, Búzios e o carro-chefe da viagem, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.

“Como é uma reserva natural, não podemos entrar com os nossos botes, e tem um limite de pessoas na ope ração. Isso funciona muito bem no nosso modelo, pelo nosso número de passageiros, e por não jogarmos âncora. Nós usamos estabilizadores, para não abalar o ecossistema do fundo marinho”, explica Patrizia.

Do navio, estacionado a alguns minutos de distância, os passageiros são levados por botes até um catamarã autorizado a entrar no arquipélago, formado por cinco ilhas. O passeio guiado dura cerca de duas horas, com uma caminhada na Ilha Siriba, onde é possível ver de perto aves marinhas como os atobás-brancos e depois mergulhar de snorkel na água transparente, observando peixes e tartarugas.

Em Itacaré, cidade litorânea na Bahia, entre Ilhéus e Barra Grande, a embarcação da Swan Hellenic foi o primeiro grande navio em décadas a parar na costa. Imperdíveis, as praias mais lindas e tranquilas são as vizinhas Resende, Tiririca, Costa e Ribeira — para um almoço gostoso e barato por ali, uma ótima pedida é o PF do Surf.

Além de uma tarde livre com o pé na areia, o pacote incluiu uma caminhada pela cidade e visita à Paróquia São Miguel Arcanjo, construída em 1723. Em Trancoso (BA) e Búzios (RJ), os passageiros passaram tardes em locais de luxo, no Casa Clube e no Tawa Beach, respectivamente, com almoço incluído.

Em cada destino, também havia opções de passeios adicionais, fora do pacote, como uma visita ao Quadrado, em Trancoso, e à Cachoeira do Tijuípe, em Itacaré.

A bordo, a viagem incluiu palestras com especialistas em biologia marinha, apresentações musicais todas as noites e pratos especiais da chef baiana Dadá, do restaurante Sorriso da Dadá. Isso sem falar em piscina, jacuzzi, academia e spa.

Em 2025, além desse mesmo percurso, confirmado entre os dias 31 de outubro e 6 de novembro, a empresa vai estrear outro trajeto. Exploring South America — From Barbados to Brazil (Explorando a América do Sul — de Barbados ao Brasil) sairá de Bridgetown, capital barbadiana, e passará por Trindade e Tobago, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e, no Brasil, pelo Rio Amazonas e pelos Lençóis Maranhenses.

E já tem data: de 12 a 31 de outubro. “O meu desafio é mudar o que algumas pessoas pensam em relação a cruzeiro. A gente imagina o navio do Neymar, do Roberto Carlos, mas é diferente. Também quero tirar essa noção de que é só para pessoas acima de 60 anos e trazer um público jovem que quer se conectar com a natureza e descobrir lugares alternativos”, conta a consultora da companhia, que tem como lema “enxergar o que os outros não veem”. De fato, uma viagem para expandir horizontes.

Atenção, navegantes

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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de janeiro de 2024, edição nº 2925

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