Na sala de espera do psicanalista, com Christian Dunker
O professor em psicanálise e psicopatologia da USP fala sobre não mentir para si mesmo nem se fixar em rótulos
Você já teve vontade de sair correndo da sala de espera do psicanalista? Christian Dunker, psicanalista e professor titular em psicanálise e psicopatologia do Instituto de Psicologia da USP, diz que a sensação é muito comum. “Tem a ver com função de oráculo. O paciente sabe que aqui é de verdade, se ficar mentindo, estará mentindo para si”, contou Chris para Helena Galante no episódio #94 do podcast Jornada da Calma. Autor do livro Uma Biografia da Depressão, lançado pelo selo Paidós, da Editora Planeta, ele comenta a multiplicidade de significados por trás da palavra “depressão”. “No fundo, ela não é uma coisa, é uma personalidade múltipla.”
Sua mensagem se estende aos sintomas, que dependem fortemente de como são nomeados. É como num relacionamento amoroso, que a própria definição de “namoro” ou “amizade colorida” influencia a dinâmica a dois. “É muito poderoso quando alguém nomeia: você sofre disso. Tem gente que se aquieta com isso, mas é só uma parte do processo”, afirma. Sem limites de assuntos, Chris fala sobre a relação corpo e mente, sobre o cérebro lembrar mais uma impressão digital única que um órgão qualquer e sobre o poder da escuta interessada pelo outro: “Tanto a loucura quanto as coisas mais incríveis dos outros moram nos detalhes.”