Confira a cobertura do primeiro dia de Lollapalooza
Como foram os principais shows do festival nesta sexta (29)
O Lollapalooza, um dos principais festivais de música que ocorrem na cidade, começou pouco depois das 13h desta sexta (29). Seis palcos montados no Jockey Club receberam apresentações simultâneas de bandas de diferentes gêneros.
No primeiro dia, como boa parte dos ingressos ainda não havia sido impressa, a fila para retirada teve mais de uma hora de espera. Só para garantir, a dica para os próximos dias é sair de casa um pouco mais cedo para não perder os shows.
A lama também marcou a abertura do evento. Quem não escolheu galochas ou calçados parecidos, enfrentou dificuldade para atravesar os gramados do Jockey após a chuva. Na dúvida, é melhor vestir um sapato impermeável (e confortável) e não se esquecer de incluir a capa de chuva na mochila.
Confira abaixo a cobertura completa:
■ THE KILLERS – 21h40 às 23h10 (palco Cidade Jardim)
A pergunta é: como não se animar com uma banda que enfileira um hit melhor do que o outro? Jovens bem jovens e outros nem tanto têm alguma parte de suas vidas ligadas a alguns dos refrões mais cheios de drama que o “pop de arena” presenciou nos últimos anos. Em figurino que se limitou ao pretinho básico, começaram com Mr. Brightside — a música mais tocada nas baladinhas da Rua Augusta em 2007. Uma ou outra tentativa de empolgar com canções do CD mais recente, Battle Born, de 2012, e depois Humans. O público não se conteve no refrão: “Are we humans or are we dancers?”. O vocalista Brandon Flowers — que ora homenageava Bono, ora Freddie Mercury — chegou a falar uma frase completa em português. Tal como ocorreu com o Foo Fighters no Lolla de 2012, o The Killers se jogou para a torcida — e não decepcionou. Exatamente às 23h, o show acabou depois de um bis com direito a chuva de papel e, claro, fogos caindo do palco. Os caras sabem que dominam a multidão, sabem que todos estão ali só para vê-los. Sem medo, a plateia se rendeu. (Milena Emilião e Tiago Faria)
■ DEADMAU5 – 20h às 21h20 (palco Butantã)
Joel Thomas Zimmerman, o cara por trás do projeto Deadmau5, foi pontual. Às 20h, surgiu a bordo de uma cabine suspensa, quase um altar, com um de seus capacetes de rato ultramodernos equipados com luzes LED, sob um arsenal de luzes e projeções coloridas. Considerado um dos mais inventivos de sua geração, o DJ e produtor canadense deu início a um set um pouco confuso, mas que logo engatou e transformou o lamaçal em pista de dança. Com as mãos para cima, o público respondia vibrante a cada virada do showman, que fez questão de exibir diversos modelos de “cabeça” ao longo de sua apresentação. Uma mistureba de gêneros eletrônicos (do clássico house ao dubstep, do rock à farofa), muitas vezes mal amarrada, é verdade, mas um bocado coerente como um todo, fez da apresentação uma das mais divertidas do primeiro dia. O auge veio com uma versão de Killing in the Name, do Rage Against the Machine, trilha sonora de boas cenas do festival: um rapaz com máscara de cavalo abraça os amigos em uma roda; emocionado, um médico sai correndo do posto com estetoscópio e tudo a tiracolo; lá na grade, fãs enlouquecem com reproduções caseiras do famoso capacete de rato. Mesmo sob uma garoa forte, a plateia pulou do início ao fim. (Mayra Maldjian)
■ PASSION PIT – 20h às 21h15 (palco Alternativo)
Enquanto esperavam pela apresentação, pequenos grupos guardavam seus lugares como se estivessem vendo o Flaming Lips, a banda que tocava atrás do palco Alternativo. Ou na frente – depende de quem você é fã, não é? Com os telões apagados, fato que persistiu até o fim, o grupo de Boston subiu ao palco pontualmente às 20h. Entre um hit e outro de seus dois discos – Manners e Gossamer – o show começou protocolar. Mas aos poucos foi empolgando a plateia, que por enquanto segue escapando da chuva (até agora apenas uma garoa esporádica). Quem não abandonou o barco antes da última música, garantiu um lugar para ouvir os Killers de perto e acabou dançando e sacudindo as mãozinhas para cima. (Milena Emilião)
■ FLAMING LIPS – 18h30 às 19h50 (palco Cidade Jardim)
Para quem chegou mais cedo ao palco Cidade Jardim, uma surpresa: trinta minutos antes do início do show, o Flaming Lips já estava em cena. Ou quase: vestido em um uniforme azul-cintilante, o descabelado vocalista Wayne Coyne (cada vez mais parecido com Robert Plant) acenou, passou o som, mostrou uma bota suja para a plateia e ninou um bebê de plástico. Quando a apresentação começou, outro susto: um dos “band leaders” mais imprevisíveis da América preparou um repertório pesado e difícil, com músicas pouco conhecidas e o tom experimental nada melodioso da fase iniciada pelo disco duplo Embryonic (2009) — que muita gente elogiou, mas poucos tiveram paciência para ouvir. Eles também mostraram faixas do disco novo, The Terror, que será lançado em 16 de abril nos Estados Unidos. Espetáculo visual à parte — Coyne se apresentou conectado a uma árvore de fitas brancas, onde luzes eram projetadas, e à frente de um telão que disparava imagens coloridas e bizarras —, a sonoridade repetitiva aborreceu grande parte do público, que só interagiu com o vocalista nas últimas duas músicas, as mais conhecidas Yoshimi Battles the Pink Robots e Do You Realize?. Coyne, no entanto, não parecia se importar muito com a apatia do público: entre uma música e outra, enquanto ninava a criança de brinquedo, contou histórias e fez piadas politicamente incorretas, principalmente sobre os aviões que passavam perto do Jockey Club. “E se esse avião explodisse neste momento? Não seria legal?”, perguntou. Em resumo: o show corajoso e esquisito que os fãs do Killers, a atração principal da noite, pagariam para não ver. (Tiago Faria)
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■ CAKE – 17h15 às 18h30 (palco Butantã)
O regente das multidões. É essa a sensação certa ao terminar o show do Cake. John Mccrea gosta do público, gosta de falar com ele e requer sua presença. Os rapazes da Califórnia subiram ao palco silenciosos. Na música de abertura, a tranquila Frank Sinatra, não dava pra imaginar o que viria pela frente. A primeira comunicação foi com um “Tudo bem? Tudo bom?”. Já na terceira, Its Been a Long Time, do último disco, o vocalista desceu no fosso dos fotógrafos para chegar mais perto do povo. Sick of You, o hit do mais recente álbum, foi o ponto alto da interação banda-fãs. Maccrea dividiu os espectadores em dois: os do lado direito e os do esquerdo. Brincou que os de um lado eram calmos, “fumavam maconha e eram livres”. O outro lado era formado por pessoas raivosas, que se irritavam no trânsito e se manifestavam na internet. Enquanto um cantava I Need to Fly Away, o outro gritava “I’m so sick of you, sick of me, I don’t want to be with you”. Uma diversão para todos os envolvidos. Quem imaginou que I Will Survive ia ser o melhor momento, enganou-se. Ainda vão ficar na memória Satan Is My Motor (com comentários sobre a eleição do papa), Never There, Short Skirt Long Jacket, Opera Singer e a surpresa, um término empolgante com a rápida The Distance. E tudo sem chuva, lindo! (Milena Emilião)
■ CRYSTAL CASTLES – 17h15 às 18h15 (palco Alternativo)
As produções sombrias, cheias de synth e barulhinhos de videogame do duo canadense soaram confusas ao vivo. Tudo bem, a ideia de Ethan e Alice é levar ao palco versões propositalmente mais caóticas de suas músicas. Ao ar livre, porém, tudo perdeu a força. Aguda, Alice gritava e se jogava ao público, sacudia o cabelo (des)colorido e se ajoelhava diante da plateia — uma versão eletrônica de Avril Lavigne? — que até parecia se divertir. Acompanhado de um baterista, Ethan pesava nas distorções. Nada disso, no entanto, ajudou o show a engatar. Os maiores sucessos, reconhecidos nos primeiros bumbos e caixas pelos fãs, chegaram só no final. Quem curtiu o som do Cake, divertiu-se bem mais. (Mayra Maldjian)
■ OF MONSTERS AND MEN – 15h15 às 16h15 (palco Butantã)
A edição americana da revista Rolling Stone apelidou o Of Monsters and Men de “novo Arcade Fire” – e parece que eles acreditaram. No palco, tal como os canadenses vencedores do Grammy, o sexteto islandês transforma cada uma das músicas do repertório em hino indie, convidando o público a cantarolar em coro versinhos singelos, mas que quase sempre terminam em gritos de guerra: e dá-lhe “hey!”, “ô-uô”, “la-la-las”… Esse folk rock eufórico “de arena” que eles operam com competência lembra a sonoridade do também popular Mumford and Sons. Apesar de ainda genérica, a banda se esforça para mostrar que tem alguma personalidade. Eles fizeram uma versão de Skeletons, dos americanos do Yeah Yeah Yeah. E cada integrante apresentou um modelito: o baixista veio de smoking e o baterista, por exemplo, parecia ter saído do elenco de figurantes do musical hippie Hair. Simpática, a vocalista Nanna Bryndís Hilmarsdóttir tentou compensar o friozinho e a chuva com gritos, pulinhos e elogios ao Brasil. O público, sempre disposto a levantar os braços e fazer as coreografias de praxe, entendeu o recado de imediato: os versos de hits como Little Talks e Mountain Sounds – ambas do primeiro disco, My Head is an Animal (2012) -, estavam na ponta da língua da plateia, que lotou toda a área próxima ao Palco Butantã e não arredou pé nem quando a chuva apertou. Novo Arcade Fire? Não é para tanto. Candidatos ao posto de banda cover mais esforçada da temporada? Sim, aí estamos de acordo. (Tiago Faria)
■ AGRIDOCE -14h15 às 15h10 (palco Cidade Jardim)
Pitty e Martin trouxeram um rock ensolarado no início desta tarde. O encontro foi um dos últimos antes das férias que eles vão tirar do projeto. A emoção dessa despedida temporária esteve presente durante toda a performance, que alternou canções fofas, como Dançando, e outras mais intensas, caso de Beethoven Blues. Sentados, os músicos conversaram com a plateia entre uma música e outra. Numerosos e atenciosos, os fãs ficaram aglomerados perto da grade e sobre a grama na tentativa de manter o All-Star limpinho da lama. Um dos pontos altos do show foi quando Martin descobriu uma tradutora de língua dos sinais no canto do palco, que interpretou todo o repertório com as mãos para o público surdo. Pitty pediu aplausos. Emocionante. (Mayra Maldjian)
■ HOLGER – 13h15 às 14h07 (palco Butantã)
O tempo parecia perfeito para um show da banda paulistana: sol forte, poucas nuvens… Clima de verão em pleno outono. O quinteto subiu no Palco Butantã vestido a caráter, com blusas floridas e óculos escuros, para cantar músicas (em inglês e português) que criam uma espécie de ponte aérea entre o carnaval de Olinda e a cena indie do Brooklyn, Nova York. Nos discos, a mistura pode soar um pouco forçada, mas, ao vivo, faz até o hipster mais blasé soltar o quadril. O público de não mais de 500 pessoas chegou de mansinho, mas logo estava batendo palmas e dançando na micareta fora de época das faixas dos discos Sunga e Ilhabela, que conquistam mais pela força do ritmo (são dois bateristas em ação) que pelas letras bobinhas sobre amores tropicais, lábios animais e outros clichês. “Boa parte de vocês não nos conhecia até agora”, eles admitiram, lá pelas tantas. Sem problemas. O show do grupo, correto e sempre animado, funcionou como uma ótima carta de apresentação. (Tiago Faria)
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