Atriz Juliana Galdino impressiona por suas metamorfoses no teatro
Atualmenta ela protagoniza a peça <em>Leite Derramado</em>
Eulálio D’Assumpção, o personagem principal do romance Leite Derramado, de Chico Buarque, tem um século de vida nas costas, cabelos e barba brancos e uma voz cavernosa de tão grave. Para surpresa do público, a versão teatral da obra é protagonizada por uma mulher. A atriz paulistana Juliana Galdino, de 43 anos, recorre a uma pasta que embranquece os pelos postiços e a expressões taciturnas, além de modular a voz e a postura de acordo com as emoções exigidas pelo texto. “Interpretar é me livrar da minha cara para ser outra pessoa”, afirma ela, que desde 1998 acumula mais de vinte peças, meia dúzia de filmes que nunca viu depois de prontos e está no ar com o seriado Magnífica 70, do canal HBO.
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Quem acompanha a trajetória de Juliana sabe de seu poder de metamorfose. Em Comunicação a uma Academia (2009), a atriz convencia a plateia de que podia ser um macaco. Foi uma psicopata com sangue nos olhos em Anátema (2007) e, entre julho e agosto,deu alma a uma dona de casa que acaba cega em Fluxorama.
Filha única de um casal de arqueólogos, Juliana chegou a cursar um ano de publicidade, mas só encontrou uma rota ao frequentar as aulas do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, e estrelar peças como Fragmentos Troianos e Antígona. A artista firmou-se na tragédia Medeia, encenada por Antunes, que lhe valeu o Prêmio Shell em 2002.
Seu marido, o diretor Roberto Alvim, é o diretor de Leite Derramado e sócio dela na Cia. Club Noir, que pôs de pé esse e outros espetáculos nos últimos dez anos.
O casamento com Alvim lhe deu o filho Theo, 8. Não foi por falta de convites que Juliana nunca estrelou nada na TV aberta. Ela já recusou dois chamados da Rede Globo para a novela Em Família (2014), de Manoel Carlos. “Não sei trabalhar sem fazer uma preparação mais detalhada dos personagens, o que não é possível nas emissoras”, diz. “Tampouco me interessa aprender.”