De ‘Antes do Amanhecer’ a ‘Antes da Meia-Noite’: o amor em três tempos
Terceiro filme da série abandona o romantismo dos episódios anteriores. Veja as transformações do casal Jesse e Celine
No verão de 1994, eles se conheceram em Viena, onde caminharam, bateram papo, se apaixonaram e, rapidamente, tiveram que se despedir um do outro. Nove anos depois, houve um reencontro também acelerado em Paris. Mais nove anos passaram desde que o público teve notícias do casal Celine (interpretada por Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke). O que aconteceu desde então? Muitas das respostas estão em Antes da Meia-Noite, que estreia nesta sexta (14).
Tal como nos episódios anteriores da cinessérie, Antes do Amanhecer (1995) e Antes do Pôr do Sol (2004), Celine e Jesse têm muito a conversar. Só que, desta vez, algo mudou entre eles: o romantismo dos capítulos anteriores foi trocado por um tom mais realista e seco. O casal, agora quarentão, enfrenta as crises do matrimônio em um período turbulento de férias na Grécia.
A seguir, veja as transformações dos personagens (e dos atores) da série desde o começo desta história de amor. Mas um alerta: se você não quiser saber detalhes sobre a trama de Antes da Meia-Noite, evite ler o texto sobre o novo filme da série:
– ANTES DO AMANHECER (1995)
O encontro: Em um trem que partiu de Budapeste, Jesse conhece Celine. Ele voltará aos Estados Unidos e ela a Paris. Quando chegam a Viena, Jesse a convence a passar a noite com ele caminhando pela cidade. Ela aceita.
O desencontro: Na manhã do dia seguinte, ele a deixa na estação de trem e eles combinam de se encontrar naquele mesmo local, seis meses depois.
O clima: de romance juvenil.
O ator: Ethan Hawke tinha 25 anos em 1995 e era um dos atores mais comentados de sua geração. Dois anos depois, ele faria a ficção científica Gattaca.
A atriz: Aos 26 anos, a francesa Julie Delpy despontava no cinema de arte europeu. Havia atuado no drama A Liberdade é Branca (1994) e Europa, Europa (1990).
O diretor: O americano Richard Linklater era uma promessa do cinema independente americano. Dois anos antes, havia dirigido o elogiado Jovens, Loucos e Rebeldes.
– ANTES DO PÔR DO SOL (2004)
O encontro: Jesse está de passagem em Paris para divulgar um livro que escreveu, inspirado na rápida história de amor com Celine. Os caminhos dos dois se cruzam porque ela vai ao lançamento do romance literário.
O desencontro: Jesse só tem pouco mais de uma hora para conversar com Celine, antes do horário de seu voo de volta para os Estados Unidos. Encantados um pelo outro, eles vão parar na casa dela. “Baby, você vai perder o avião”, ela o provoca, e o filme encerra sem explicar se Jesse realmente ficou mais um tempinho (ou um tempão) com ela.
O clima: de romance, mas um pouco desiludido.
O ator: No início da década, o trintão Ethan Hawke passava por uma fase de prestígio: foi indicado ao Oscar pela atuação no drama policial Dia de Treinamento (2001) e dirigiu o drama Um Amor Jovem (2006).
A atriz: A carreira de Julie Delpy não ia tão bem. Ela fez poucos filmes relevantes no período e chegou a atuar em sete episódios da série Plantão Médico.
O diretor: Richard Linklater havia acabado de assinar um de seus filmes mais populares, a comédia Escola de Rock (2003), e tentava aliar projetos mais comerciais a longas bem pessoais.
– ANTES DA MEIA-NOITE (2013)
O encontro: Jesse não apenas perdeu o avião de volta para casa, em 2004, como casou com Celine. Eles tiveram duas meninas gêmeas. A trama mostra o casal de férias em Grécia, onde passam por uma crise no matrimônio.
O desencontro: O casal, desta vez, não é ameaçado pela falta de tempo, mas por problemas do relacionamento. As dificuldades de conciliar os desejos e planos pode minar o caso de amor.
O clima: de discussão de relação.
O ator: Ethan Hawke, 43, não está em seus melhores momentos. Mas o thriller de horror The Purge, lançado há uma semana nos Estados Unidos, se tornou um sucesso de bilheteria surpreendente. Seria um retorno à forma?
A atriz: Julie Delpy seguiu a carreira de diretora. O drama 2 Dias em Nova York, de 2012, foi exibido recentemente por aqui. Mas ainda é uma trajetória sem muita consistência ou elogios da crítica.
O diretor: Richard Linklater passou a dirigir filmes cada vez menores, sem tanto apelo de público, mas recebidos com generosidade pela crítica, a exemplo de Bernie (2011) e Eu e Orson Welles (2008).