Últimos dias para ver a mostra ‘Esplendores do Vaticano’
Mudança de papado aumenta o movimento na Oca, onde há uma projeção da Capela Sistina e um relicário com fragmentos de ossos de santos
A renúncia de Bento XVI, no dia 11 de fevereiro, e a eleição do novo papa no último dia 13 de março, o argentino Jorge Mario Bergoglio, ou Francisco I, levou a um boom de visitantes à megaexposição Esplendores do Vaticano, na Oca desde o dia 20 de setembro do ano passado. Desde o anúncio, houve um aumento de 40% no número de visitantes que foram conferir a mostra que traz cerca de 200 objetos sacros e obras de arte.
A curiosidade em torno do recente acontecimento, cujo último precedente na história da igreja católica foi com o Papa Gregório XII, que renunciou ao cargo em 1415, impulsionou a ida ao museu do Parque do Ibirapuera. Outro motivo foi o preço do ingresso promocional durante o mês de fevereiro, que se estendeu até o último dia da mostra, 31 de março: a entrada custa R$ 20 (inteira; R$ 10,00, meia-entrada).
O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, que também concorreu ao posto de papa, esteve no dia da abertura da mostra, que mantém parceria com a Arquidiciose da capital.
A reportagem de VEJASAOPAULO.COM fez uma visita guiada (com duração de 1h30, R$ 8,00, agendamento pelo tel. 11 3883-9090) e destaca abaixo as principais atrações da mostra dividida em 11 galerias distribuídas em três andares da Oca:
Guarda Suíça
Logo na entrada da exposição, há dois manequins usando as vestes da Guarda Suíça, o corpo de seguranças oficiais do Vaticano. O nome faz jus à nacionalidade dos 120 jovens, que têm de ter no mínimo 1,90 m de altura e invariavelmente possuem olhos claros. As cores e o desenho do uniforme foram criados por Michelangelo e permanecem os mesmos desde então.
Fragmento da pedra “Petros Eni”
Na década de 50, pesquisadores escavaram o subsolo da Basílica de São Pedro e encontraram ali a prova do cemitério de cristãos, que se localizava na Colina do Vaticano, e onde o apóstolo Pedro havia sido enterrado. A prova está registrada nessa pedra, retirada da chamada “Parede Vermelha”: o molde de gesso traz os dizeres, em latim, “Petros Eni”, que significa “Pedro está aqui”.
Escultura mais antiga da arte cristã
Uma peça em formato de cabeça masculina, datada do século I, é a amostra mais antiga presente na mostra. Ainda que esteja bastante desgastada, é possível reparar a futura estética da arte cristã.
Tijolo do túmulo de São Paulo
Provavelmente do século II, lá está o tijolo do túmulo onde foi enterrado o apóstolo que não conheceu Jesus e chamava-se Saulo, antes de sua conversão no dia 25 de janeiro (daí a data de aniversário de nossa cidade).
Relicário com fragmentos de ossos dos santos Pedro, Paulo, Ana, José e outros
A palavra relicário vem do latim ‘reliquiae’, relíquias, e ‘arum’, restos. Ou seja, caixa ou baú onde se guardam objetos de grande valor, pertencentes a um santo ou por ele tocados. No relicário exposto na mostra há fragmentos minúsculos de ossos dos santos Pedro, Paulo, Ana, José e outros.
Trono do Papa Pio XI
Feito de madeira, veludo, metal banhado a ouro e fio de ouro, o trono do século XIX é o destaque da galeria “A Arte da Liturgia”. Preste atenção no detalhe dos brasões no topo do trono: há uma mitra (espécie de chapéu do papa) e as chaves, símbolo de Pedro, que remete àquele que é sucessor dele.
Molde da mão do Papa João Paulo II
O papa mais querido pelos brasileiros, morto em 2005, foi o segundo na história da Igreja Católica que ficou por mais tempo em exercício (27 anos, depois de Pio XIX, que ficou por 32). Nos últimos anos de sua vida, ele ganhou um molde de sua mão. Os visitantes são convidados a colocarem suas mãos sobre o molde, que impressionantemente parece servir a todos.
Michelangelo
Há uma galeria dedicada unicamente a Michelangelo. Três obras ilustram o trabalho de um dos maiores artistas da história da arte ocidental. A primeira é a reprodução em tamanho real da obra mundialmente conhecida Pietà, que mostra Jesus morto nos braços de Maria. O trabalho magnífico do mestre italiano sofreu um atentado em 1972 e foi restaurado com a ajuda desta cópia. Desde então, a obra é protegida por um vidro, sendo que os visitantes da Basílica de São Pedro não podem ver a parte de trás da escultura. Na mostra Esplendores do Vaticano, isso é possível. Repare na marca das chagas em suas mãos e pés e na assinatura de Michelangelo na faixa que atravessa o corpo de Maria.
Atrás de Pietà, encontra-se a obra original Pietà Baixo Relevo, a obra mais valiosa de toda a exposição: só o seguro dela custa 3 milhões de euros. Foi uma das últimas obras que Michelangelo esculpiu, aos 75 anos.
Por último, a projeção da Capela Sistina, no terceiro andar da Oca, é bem interessante. Antes de entrar, leia sobre a interpretação que o artista deu ao céu, ao inferno e ao purgatório. Há quem diga que Minos, um dos juízes do inferno, localizado na extrema direita da Capela Sistina, é o papa Julio II (1443-1513), o mais alto escalão da igreja na época da construção da Basílica de São Pedro, com quem Michelangelo teve diversos desentendimentos. Depois da visita, compare a projeção com a visita virtual à Capela Sistina original, no site da Santa Sé, no Vaticano.