Cinema Caixa Belas Artes ganha sala inspirada nos antigos drive-ins
O espaço na Consolação terá filmes do passado, hambúrgueres, drinques e bate-papo liberado
Dois dos principais agitadores culturais da cidade acabam de unir forças. André Sturm comanda o tradicional cinema Belas Artes, na Consolação, que reabriu revitalizado em 2014, com patrocínio da Caixa Econômica Federal, e o Museu da Imagem e do Som. Nesse último, organizou exposições disputadas, como as mostras baseadas em David Bowie, em Tim Burton e na série Castelo Rá‑Tim‑Bum. O empresário Facundo Guerra encarrega-se do centro cultural Mirante 9 de Julho, dos bares Riviera e Z Carniceria e das casas noturnas Club Yacht, Cine Joia e Lions. Todos os estabelecimentos promovem eventos com gente saindo pelo ladrão.
A expectativa diante de uma parceria entre a dupla é de que ela renda bons frutos. Eles se preparam para inaugurar na cidade uma sala de cinema com irresistível charme vintage. O local terá inspiração nos drive-ins. Vale ressaltar: aqueles das antigas, com motoristas a bordo de carros estacionados de frente para a telona e comida à disposição, e não os estacionamentos que funcionam como concorrentes dos motéis. Guerra e Sturm iniciram os trabalhos para pôr em cartaz a nova atração no dia 17 do mês passado.
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O espaço escolhido foi a sala número 3 do Belas Artes, que foi fechada para reforma. “Queremos que a experiência seja tão importante quanto o filme em si”, afirma Guerra. Ele visitou cinemas estrangeiros a fim de reunir referências para o projeto, em desenvolvimento há cerca de dois anos. Tudo estará pronto até sexta (17), data da inauguração do lugar, com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain na primeira sessão, às 13h. Além da projeção de filmes, o espaço vai oferecer opções gastronômicas criadas no vizinho Riviera Bar, situado logo do outro lado da rua.
No tempo em que os drive-ins tinham vez por aqui, o principal deles funcionava na Marginal Tietê: o Auto Cine Chaparral, inaugurado em 1971 e fechado nos anos 80. Os espectadores paravam na área de exibição, uma caixa de som era acoplada à janela do carro e uma equipe de garçons zanzava pelo estacionamento para servir bebidas e sanduíches. No caso do Belas Artes, por causa do espaço limitado do negócio, os bólidos ficarão de fora. Mas os motivos automobilísticos permanecerão.
No lugar das poltronas tradicionais, serão colocados bancos restaurados de carros de décadas passadas, entre eles Dodge, Impala e Cadillac. Na bilheteria, o frequentador escolhe, por exemplo, ocupar o Galaxie 1975. Com o objetivo de incentivar um programa em grupo, vende-se um ingresso (na faixa dos 50 reais) para o banco todo, onde cabem até três pessoas. Aqueles clientes que estiverem sozinhos conseguem usar as poltronas no fundo, mais em conta — o preço ainda será definido. Os tickets no primeiro mês de funcionamento terão valor promocional de 20 reais. Iluminam o ambiente, com capacidade para 83 pessoas, faróis e lanternas originais de veículos.
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O cardápio, com cerca de cinquenta itens, contempla drinques inspirados em longas-metragens criados pelo bartender Kennedy Nascimento, os clássicos milk-shakes, sobremesas e lanches. O misto de bar e cozinha foi instalado na parte de trás do lugar, com estilo baseado no trailer Airstream. Não há garçons. O público faz o pedido no balcão (antes e durante a sessão) e recebe um pager, que vibra quando tudo fica pronto. Uma bandeja serve de apoio.
Na programação, vez ou outra pode surgir uma nova produção, mas a ideia é reviver clássicos “pop cult”. Valem de criações de Quentin Tarantino, passando por Metrópolis, de Fritz Lang, a figurinhas carimbadas da Sessão da Tarde do naipe de Os Goonies e Os Caça-Fantasmas. A sessão deve durar aproximadamente três horas, com exibição de curtas e clipes antes do longa-metragem, a meia-luz.
Uma regra de ouro do cinema, ainda mais preciosa em salas dedicadas às fitas de arte como o Belas Artes, será quebrada: o silêncio não é obrigatório. Trata-se de uma boa notícia para aqueles que adoram comentar o que se passa na telona. O uso de celular também não ficará vetado, mas vale o bom-senso. “Não queremos por aqui um clima de jogo de futebol, mas procuramos uma experiência solta e divertida”, explica Sturm. “Não é um transe com a tela”, completa Guerra. Considerando o currículo dos envolvidos, há boa chance de o novo espaço virar um blockbuster.