Os dois últimos anos foram muito difíceis para a diretora da Mostra Internacional de Cinema, Renata de Almeida. Em outubro do ano passado, uma semana antes da abertura do evento, o corpo de Leon Cakoff, seu marido e pai de seus dois filhos, era velado no Museu da Imagem e do Som (MIS). Renata mostrou força para seguir em frente e usou o trabalho para fugir da tristeza. Já em janeiro, acertou trazer a São Paulo a exposição de polaroides do cineasta russo Andrei Tarkovsky (1932-1986), que será inaugurada na quarta (17), no Masp. No mês seguinte, voou para o Festival de Berlim. Em maio, foi a Cannes negociar alguns filmes. Mesmo sem a companhia de Cakoff, uma presença constante do circuito havia mais de três décadas, a recepção dos organizadores e produtores não a desapontou. “Jamais me senti rejeitada, porque as pessoas me conhecem há 22 anos”, diz ela. Para esta 36ª edição, uma equipe de seis colaboradores a ajudou na seleção das 380 fitas, distribuídas em 25 salas da cidade a partir de sexta (19).
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Para montar a programação, Renata seguiu o mesmo critério de 2011: das produções estrangeiras recentes, só vão ser projetadas as inéditas em São Paulo. “Se os grandes festivais exigem exclusividade, por que não podemos fazer o mesmo?”, justifica ela. Há muitos títulos bacanas para ver até 1º de novembro — a grande maioria sem chance de ser lançada comercialmente. Figuras carimbadas da Mostra, o iraniano Abbas Kiarostami e o israelense Amos Gitai desembarcam por aqui para apresentar, respectivamente, Um Alguém Apaixonado e Canção para o Meu Pai. Também chega à cidade a diva italiana Claudia Cardinale, atriz de O Gebo e a Sombra, o mais recente longa-metragem do longevo português Manoel de Oliveira. Entre os laureados em Cannes, destacamse o romeno Além das Montanhas (melhor roteiro e atriz, para Cristina Flutur e Cosmina Stratan), o dinamarquês A Caça (ator para Mads Mikkelsen) e o italiano Reality (Grande Prêmio do Júri). Outra ótima pedida é conferir as cópias restauradas de Tubarão (1975), de Steven Spielberg, Lawrence da Arábia (1962), de David Lean, e Nosferatu (1922), a obra-prima expressionista do alemão F.W. Murnau, que terá exibição ao ar livre e com acompanhamento musical de orquestra, no Ibirapuera, no dia 2 de novembro, às 20 horas.
SEIS FILMES QUE VALEM A PENA
A Bela que Dorme: Marco Bellocchio (Vincere) comanda um drama sobre eutanásia inspirado no caso real da italiana Eluana Englaro
O Gebo e a Sombra: Claudia Cardinale, aos 74 anos, em uma trama ambientada no século XIX, interpreta uma senhora à espera do filho
A Caça: o dinamarquês Thomas Vinterberg narra a trajetória de umprofessor acusado injustamente de abusar sexualmente de uma menina
Entre o Amor e a Paixão: casada com um escritor (Seth Rogen), Margot(Michelle Williams) sente-se atraída pelo vizinho (Luke Kirby)
Lawrence da Arábia: estrelado por Peter O’Toole e Omar Sharif, omonumental épico de David Lean (1908-1991) ganha cópia restaurada
Um Alguém Apaixonado: o diretor iraniano Abbas Kiarostami foiao Japão filmar o improvável encontro de um idoso com uma jovem
■ 36ª Mostra Internacional de Cinema. De segunda a quinta, os ingressos custam R$ 15,00; de sexta a domingo, R$ 19,00. A permanente integral, que dá acesso a todas as sessões e está sendo vendida no Conjunto Nacional (telefone: 3284-5422), sai por R$ 410,00; para assistir somente às sessões vesperais (até 17h55), de segunda a sexta, o preço cai para R$ 95,00. Há pacotes com vinte (R$ 175,00) e quarenta (R$ 300,00) ingressos de livre escolha. No Cine Olido, a entrada custa R$ 1,00. Grátis na Faap, Itaú Cultural, Matilha Cultural e vão livre do Masp.