Bares e restaurantes espanhóis ganham força na capital
Confira onde provar tapas e outras tantas pedidas típicas
Não é só na Netflix, que exibe sucessos como as séries La Casa de Papel e O Sucessor, que a Espanha está pop. Guardadas as proporções, pode-se dizer que há uma nova movida culinária na cidade, como o movimento contracultural que agitou Madri nas décadas de 70 e 80. A cozinha do país vem mostrando vitalidade e ganhando representantes de peso. O movimento mais visível é a abertura de bares dedicados às tapas, os petiscos típicos. Só neste ano, assistiu-se ao nascimento do gastronômico Nit (fevereiro), nos Jardins, do boteco Huevos de Oro (março), em Pinheiros, do agitado Tuy Bar, Cocina (junho), no Itaim Bibi, e do pequeno Bodega La Barra (julho), no mesmo bairro. A capital tem ainda uma miríade de lugares, típicos ou modernos, que servem receitas da terra de Cervantes. Selecionamos bares, restaurantes e um endereço de comidinhas para quem quer se sentir na Espanha pelo estômago. ¡Buen provecho!
Além de sugestões portuguesas, a tradicional rede de bares-restaurantes serve pedidas à espanhola. Para refrescar, vá de gaspacho (R$ 30,00), a sopa fria de tomate, pimentão e pepino. Uma das sugestões de belisco típico é o montadito de camarão e jamón sobre uma fatia de pão (R$ 35,00 a dupla), a chamada tapa. Para encher o copo e molhar a garganta, há chope (R$ 13,50, Stella Artois) e uma carta que prioriza os vinhos produzidos na Península Ibérica.
O restaurante é agitado, sobretudo no jantar, quando o casarão de esquina ganha ares de festa. No menu, estão pedidas como a tortilha de batata (R$ 36,00) e o arroz com lula e a tinta do molusco (R$ 148,00, para dois).
> Bodega La Barra
O bar de tapas é mais um negócio de Rodolfo De Santis (Nino Cucina, Da Marino e Giulietta). O menu, do chef Julian Rigo, traz lula recheada de embutido sobreassada ao azeite, alho e salsinha na chapa (R$ 38,00 o par). Vinhos espanhóis fazem acompanhamento. Rua Carla, 77, Itaim Bibi, 3078-9104. $
O churro é a alma deste negócio, numa charmosa portinha. Há duas versões da guloseima: a tradicional brasileira (R$ 9,00), com chocolate ou doce de leite, e a espanhola (R$ 11,00, quatro unidades), esguia, sem recheio e levemente salgada. A porção pode vir acompanhada de ganache de chocolate (R$ 4,00).
Inaugurada no lugar do botequim de tapas Jamón Jamón, que fechou as portas em 2018, a casa é administrada pelo madrilenho José López. Trata-se de um endereço para petiscar sem compromisso, principalmente na calçada. Junto do chopinho Estrella Galicia (R$ 12,00), têm boa saída as croquetas cremosas de jamón (R$ 29,00, oito unidades), ao lado de molho de tomate, e a porção de batatas confitadas cobertas de ovos de gema mole e fatias de jamón ou de chorizo espanhol (R$ 40,00).
> Maripili
Costuma ser agradável uma visita ao restaurante apertadinho e com ar de taberna. Ainda mais quando se observam os preços, abaixo da média. O cardápio fixo é conciso e lista pratos como os callos (R$ 25,00), a dobradinha à moda de Madri, temperada com páprica e, aqui, com grãos de pimenta-preta. O bacalhau à vizcaína (R$ 66,00) é frito e coberto de molho de tomate. A pequena oferta de receitas é complementada pelas sugestões diárias, escritas em uma lousa.
Dos mesmos sócios do Maripili, a casa também tem preços atraentes. Apelidada de rabo de toro (R$ 30,00), a rabada cozida é embrulhada em massa filo e é servida com purê de batata.
> Nit
O bar gastronômico de tapas é comandado pelo chef catalão Oscar Bosch, do vizinho Tanit. Da lista, que mescla tira-gostos clássicos e outros autorais, peça as lulinhas na brasa temperadas com alho, salsinha e aïoli (R$ 48,00). Para beber, o vermute da casa leva diferentes rótulos da bebida com framboesa (R$ 25,00).
> Tanit
É um ótimo restaurante espanhol. De prato principal, escale a paleta de cordeiro cozida em baixa temperatura com uma massa italiana, a fregola, mais acelga chinesa bok choy e pasta de berinjela doce (R$ 79,00). O arroz com polvo, tinta de lula e aïoli também sai por R$ 79,00.
O chef Juliano Valese mergulhou a fundo na cozinha espanhola em seu bar-restaurante. Entre os petiscos, a bochecha suína besuntada com molho de cerveja chega à mesa com creme de açafrão (R$ 24,90). A carta sugere drinques criados pelo consultor Márcio Silva (Guilhotina). É o caso do cobbler de jerez (R$ 31,00), que traz três tipos do vinho, licor de laranja e purê de frutas vermelhas.
Neste restaurante moderninho com uma grande varanda, os pratos têm influência espanhola, portuguesa e brasileira. A lula cortada em pedaços é servida com creme de morcilla, molho de tinta do molusco, ervilha-torta, farofa de pão à provençal e a mineiríssima ora-pro-nóbis (R$ 46,00). De sobremesa, o antoní (R$ 24,00) é um bolinho do tipo sponge cake com tostado de avelãs, cremoso de chocolate belga mais sopa fria de baunilha e toffee de café.
O bar é tocado pelo empresário Ronaldo Camelo, dos botecos São Bento e São Conrado. Fica em um espaço de esquina, com enormes portas abertas para a calçada. Comece a petiscagem com a croqueta de jamón (R$ 39,00, seis unidades). Dos drinques, vá de fratelli (dois tipos de vermute italiano, Fernet Branca e espumante com uma azeitona; R$ 36,90).
O bar foi o primeiro sucesso na cidade do gaúcho Marcos Livi, responsável por estabelecimentos como a lanchonete C6 Burger e a casa de pizza Napoli Centrale. A cozinha é variada, mas há alguns petiscos de pegada espanhola, caso do caldo madrilenho (R$ 15,00), com grão-de-bico, linguiça, frango, cenoura e macarrão. Há ainda um balcão de tapas para o cliente escolher o que beliscar.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 09 de outubro de 2019, edição nº 2655.
+ PODCAST Cozinha do Lorençato convida Manoel Beato, o responsável pelos vinhos do Fasano