The Town 2025: o que funcionou (ou não) e quais foram os melhores shows
Duquesa e Green Day estão entre os destaques do festival; visibilidade dos palcos, presença de sinalizadores e problemas de som foram pontos negativos
O The Town 2025 chegou ao fim neste domingo (14), após cinco dias de muitos shows no Autódromo de Interlagos. A Vejinha esteve lá do início ao fim, e conta aqui como foi a experiência — e quais foram os melhores shows.
PONTOS POSITIVOS
> A nova disposição dos palcos foi o maior acerto do evento, corrigindo o congestionamento da 1a edição, em 2023. A caminhada mais longa entre os dois palcos principais, The One e Skyline, é cansativa, mas faz parte da experiência de festival.
> Os banheiros sem filas, bem localizados e com telas que mostravam a ocupação em tempo real.
> A variedade de opções de alimentação, de diferentes preços e culinárias, foi elogiada pelo público.
PONTOS NEGATIVOS
> A visibilidade dos palcos Quebrada e Skyline. No primeiro, estreante, as caixas de som suspensas, dispostas de maneira diferente de todos os outros palcos, cortavam a visão — a passarela do palco ajudou, mas persistiu o incômodo. No Skyline, as torres de som atrapalham a visão de quem está mais atrás, e o palco mais elevado, localizado em uma subida, incomoda aqueles que estão mais perto.
> O line-up repetitivo. Com três dos cinco headliners que se apresentaram no Rock in Rio em 2024, a programação principal ficou morna, para além das ótimas exceções (algumas citadas ao final do texto) espalhadas pela programação. A diminuição do público, que foi de 500 000 em 2023 para 425 000 pessoas, pode ser um sinal dessa sensação de pouca novidade na curadoria.
> Os problemas de som no palco Quebrada, no sábado (13). Dois shows foram vítimas de volumes baixos: Péricles com Dexter, em que a base do rapper ficou apagada, e Criolo, em que o microfone do próprio artista permaneceu baixo durante toda a apresentação.
> A presença massiva de sinalizadores no primeiro fim de semana de festival, apesar de ser um item proibido pela própria organização do evento.
> Poderiam ter opções de alimentação mais espalhadas e próximas aos palcos, algo que funciona bem no Lollapalooza Brasil, para além da área de alimentação nas ativações e no Market Square.
OS CINCO MELHORES SHOWS DO THE TOWN 2025
Duquesa > A “rapstar” Duquesa, que se apresentou na sexta-feira (12), fez o melhor show do festival, completíssimo nos quesitos de musicalidade, performance, interação com o público e repertório. “Não sou diva pop, sou rapper”, frase emitida no sistema de som em certo momento do show, explica bem a rapper baiana. A apresentação começou com uma sequência quente de hits mais ligados ao trap, como Fuso, e depois entrou em momento mais lento, com o clima de flerte de faixas como 2000. Seja rimando, com versos afiadíssimos, diretos e retos, ou cantando melodias do R&B, a artista deu uma aula de performance. Sem falar na sua banda e balé, inteiramente femininas, e na sua presença de palco, dançando o show inteiro com seu salto alto. As letras sobre sexo, dinheiro e empoderamento ainda foram revezadas com falas da artista sobre amor próprio, que envolveram o público. Tudo com uma “atitude rap” poderosa, com muita personalidade. Showzaço.
Green Day > Entre os headliners, a banda fez o show mais completo. Encerrando o primeiro domingo (7), a apresentação longa e enérgica teve muita interação com o público e um repertório bem escolhido. Foi bonita a maneira como o vocalista Billy Joe escolheu encerrar a apresentação: sozinho, com seu violão, cantando Good Riddance (Time of Your Life) em coro com a multidão.
Joelma > Em um dos momentos mais quentes do festival, a cantora paraense se apresentou neste domingo (14) no palco The One, com participações especiais de Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. Ela desfilou seus hits solo e da banda Calypso em uma celebração da cultura amazônica que ferveu — o público até pediu bis no final. Foi mais uma comprovação (atrasada) de que o brega precisa ter o seu espaço nos grandes festivais do país.
Jacob Collier > O multi-instrumentista londrino foi o grande destaque do palco reservado ao jazz, a São Paulo Square. O artista foi o único a ser escalado para se apresentar duas vezes no festival, no sábado (13) e no domingo (14) — e quem assistiu entendeu o porquê. Com muita energia e uma banda virtuosa ao seu lado, o talento singular do músico como cantor, ao piano, no baixo e no violão é sempre um espetáculo divertido de ver. Ele transformou a plateia em coro e cantou Corcovado, de Tom Jobim — até recebendo Sandy como participação especial, no último dia.
Pedro Sampaio > Um bom show é feito de diferentes qualidades, como repertório, disposição e musicalidade. Mas, especialmente em um megafestival como o The Town, o mais difícil é, durante sessenta minutos, engajar uma multidão diversa, que não pagou o ingresso só para te ver. Quem fez isso melhor foi o DJ carioca, que levou o público a pular e dançar do início ao fim, na sexta-feira (12). Apesar da apresentação mais performática do que qualquer coisa, sem muita interferência do próprio artista ao vivo, a setlist foi um sucesso. E como não seria, embalando dezenas de hits como Where Have You Been, de Rihanna, com Só As Cachorras, do Bonde do Tigrão, e Set Fire To The Rain, de Adele? Pode não ter sido a apresentação musical mais completa, mas vale o destaque pela conexão alcançada com o público.