“Eu sabia que iria quebrar muitas expectativas”, diz Flor Gil sobre disco
A jovem cantora e compositora, que faz show em São Paulo na quinta-feira (14), fala sobre seu primeiro álbum e os ensinamentos de Preta Gil
Com um disco diferente de tudo que já vimos na sua família, desabrocha Flor Gil, 16. A jovem artista, neta de Gilberto Gil, estreia com Cinema Love (2025), que mistura R&B, pop e MPB, e ganha os palcos brasileiros pela primeira vez no dia 14, no Bona Casa de Música, com ingressos esgotados.
De cara, uma surpresa do álbum pode ser o fato de as letras, em sua maioria, serem em inglês. É que a artista, filha da chef e apresentadora Bela Gil com o empresário e designer João Paulo Demasi, nasceu e reside atualmente em Nova York. “É como uma segunda casa. Depois de muito tempo voltei a morar lá (nos Estados Unidos) para estudar, e isso afetou o meu jeito de compor”.
Ela está prestes a iniciar seu último ano de estudos em uma escola com especialização em música. “A minha família sempre foi muito autodidata, amo isso. Mas eu queria saber os detalhes, a teoria — agora estou em um coral, aprendi a ler partitura”, conta ela, que volta ao Brasil em 2026.
A sonoridade traz influências como a cantora americana Kali Uchis. “É um disco bem íntimo e isso chama a atenção de muitas pessoas, mas também distancia outras. Quis lançar do meu jeito”, pensa. “Eu sabia que iria quebrar muitas expectativas. Sempre tive essa pressão de ser neta do Gil, a continuação do meu avô. Li comentários na internet dizendo: ‘Esperava um MPBzão’. Não que eu não consiga fazer isso, mas saiu assim”, completa.
O avô aparece como um dos compositores da faixa Saudade, com versos musicados pela neta e Vitão. Fora Moon River, as demais canções são autorais. “As inspirações são paixões, sentimentos que eu queria guardar para sempre.” A namorada da cantora, Nikita Gontarczyk, desenhou a capa e aparece como compositora da música Interlude. No fim deste ano, Flor lança um novo EP, somente com versões.
Inspiração na família
A assinatura própria de Flor tem uma inspiração: Preta Gil (1974-2025), que faleceu no dia 20 de julho, em decorrência de um câncer. “Ela sempre foi uma referência em tudo que eu faço, no dia a dia ou na música”, afirma.
A sobrinha eternizou o primeiro nome da tia com uma tatuagem na mão. “Ela mudou muita coisa. No disco Prêt-à-Porter (2003), ela causou com aquela capa. Tinha todo um propósito, como um renascimento, acho genial, mas muita gente na época caiu em cima, até meu avô”, comenta.
“Ela me ensinou que é muito viável fazer de tudo, como produtora, empresária, artista. Às vezes me vejo na ansiedade de mostrar que consigo fazer mais coisas, mas ela mostrou que não preciso ter pressa”, diz. No seu tempo, com originalidade e talento, está a brotar mais uma flor nessa família. ■
Bona Casa de Música. Rua Doutor Paulo Vieira, 101, Sumaré. Qui. (14), 21h. ♿ R$ 70,00 a R$ 140,00. 16 anos. eventim.com.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de agosto de 2025, edição nº 2956