Quatro documentários musicais para ver em casa
Anitta, Shawn Mendes, Taylor Swift e Lady Gaga estrelam produções audiovisuais sobre suas trajetórias e bastidores
Ela é dona da parada
Anitta Made in Honório estreou no fim do ano passado na Netflix fazendo MUITO barulho. Logo no primeiro episódio, quando ela recorda o passado pobre e os sonhos do início de carreira (está lá até um vídeo amador no estilo “quando eu for famosa vocês vão usar isso”), Anitta conta que sofreu violência sexual quando tinha perto de 14 anos. É o momento mais vulnerável e íntimo da cantora Larissa de Macedo Machado, que revela, depois disso, ter assumido na sua persona de Anitta a mulher poderosa que ninguém poderia machucar.
Sem pudores diante das câmeras, deixa ser filmada em momentos de negociação de contratos (ela é sua própria empresária), cobranças cheias de palavrões com sua equipe e descontração em festinhas antes e depois de clipes. As raízes no bairro de Honório Gurgel, no Rio de Janeiro, são exaltadas. No último episódio, as imagens do show gratuito lotado em Madureira, feito com a cantora à base de corticoides, em 2019, deixam claro por que ela é a dona da parada do pop e do funk.
O papel do ego
A primeira cena de Shawn Mendes — In Wonder é hipnotizante. Ele entra correndo para uma apresentação num estádio lotado. Antes de chegar perto do piano, relata o que sente: “Assim que você entra no palco, o ego invade. E ele diz ‘Não estrague tudo, pois você é o cara. Todos dizem isso’. Ao pegar o microfone, a primeira nota sempre desafina um pouco. Após uns trinta segundos, você pensa: ‘Sou só um cara e amo musica’”. Na Netflix, o documentário contempla a ainda brevíssima (mesmo que meteórica) carreira do cantor. A explicação de por que seu show em São Paulo foi cancelado em 2019 é ponto alto de emoção e atrai a atenção por aqui.
Na vida da Taylor
Não importa o tamanho do sucesso: por trás dele, há sempre a possibilidade de insegurança. É o que Miss Americana (2020), dirigido por Lana Wilson, na Netflix, revela sobre a estrela pop Taylor Swift. A briga antiga com Kanye West — e toda a difícil lida com as opiniões públicas — está lá, mas surpreende mais sua sinceridade para falar sobre questões pessoais. Seu papo sobre distúrbios alimentares é urgente e pode ajudar a aplacar na audiência a perigosa pressão para seguir padrões irreais de magreza. Vale também acompanhar o caminho da resistência a abordar política até a sua militância.
Entre o ontem e o hoje
De 2017, Gaga: Five Foot Two parece falar de um passado distante da cantora, antes da Gaga que, durante a pandemia, arrecadou 127 milhões de dólares em uma live promovida pela Organização Mundial da Saúde com a participação de Elton John, Paul McCartney, Stevie Wonder e Rolling Stones, ou ainda da Gaga que brilhou como atriz em Nasce Uma Estrela (2018). Mas permanece atual por escancarar a determinação da artista, que, mesmo diante da fragilidade e das dificuldades, como as impostas pela fibromialgia, nunca deixou de se ouvir. “Quando os produtores queriam que eu fosse sexy, eu sempre fazia algo absurdo para sentir que eu ainda estava no controle”, diz.
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Publicado em VEJA São Paulo de 03 de fevereiro de 2021, edição nº 2723