Os Penetras é uma picaretagem misógina
O que era para me divertir, me deixou levemente deprimido. Não entendo como a comédia Os Penetras, com dois talentosos humoristas da nova geração, um diretor de renome (Andrucha Waddington) e uma produção de primeira linha da Conspiração Filmes, pode provocar uma reação tão adversa. Ao invés de risos, desgosto. O filme estreia na próxima […]
O que era para me divertir, me deixou levemente deprimido. Não entendo como a comédia Os Penetras, com dois talentosos humoristas da nova geração, um diretor de renome (Andrucha Waddington) e uma produção de primeira linha da Conspiração Filmes, pode provocar uma reação tão adversa. Ao invés de risos, desgosto. O filme estreia na próxima sexta-feira, dia 30.
Para dar uma breve pincelada na história, Marcelo Adnet faz Marco Polo, um malandro carioca que salva do suicídio o personagem de Eduardo Sterblitch (do Pânico na TV). Ele interpreta Beto, um chato de galochas por causa do fora que levou da mulher e implora para seu novo (e único) amigo para tentar uma reaproximação entre eles. Mas, ao conhecer Laura (Mariana Ximenes), Beto também se apaixona por ela.
Além do roteiro rasteiro, previsível e repleto de estereótipos, o filme tem uma ótica misógina. Só há uma mulher de razoável bom senso (interpretada por Andrea Beltrão). As outras são periguetes, infiéis, prostitutas, salafrárias… Até Susana Vieira, traindo o personagem de Miele (foto abaixo), dá o ar da graça para apalpar e tirar uma casquinha de Adnet que, convenhamos, não é nenhum Gianecchini.
Outro problema está na visão de um Rio de Janeiro tomado por cafajestes e embusteiros. Por ironia, nos créditos de abertura há um cartaz da prefeitura dizendo que o Rio é uma “friendly city”. Cidade amigável é aquela que dá truque nos turistas, mostra policiais corruptos e tem como protagonista um tipo que vive de rolos, tira grana de pessoas ingênuas e entra de penetra nas festas? Fica aqui a questão: há alguma graça em apresentar a futura sede das Olimpíadas como um palco da picaretagem?