Edgard Scandurra indica série policial coreana na Netflix
No depoimento, o guitarrista do IRA! faz uma comparação entre a ação policial da Coreia do Sul com a de São Paulo
Guitarrista do IRA!, Edgard Scandurra está em turnê pelo Brasil com dois shows distintos. Ele é o convidado da semana para escrever sobre uma série que tenha gostado recentemente. E, olha que surpresa: é um seriado sul-coreano da Netflix. Scandurra fez um texto para comparar as ações policiais daqui e de lá num depoimento muito sincero sobre Live. Confira abaixo:
“Entre as várias séries que a Netflix exibe, algumas podem parecer fracas, muito dramáticas e apelativas. No entanto, outras nos trazem surpresas, sobretudo quando comparadas à nossa realidade. Aí, constatamos que temos não só uma série com uma boa história, mas um excelente parâmetro para analisar em que ponto está a nossa sociedade em relação a outros países, como, neste caso, a Coreia do Sul. Escolhi a série coreana Live e foi impossível não comparar as atitudes da polícia de lá com as da polícia daqui.
Logo no primeiro episódio, quase uma centena de agentes, homens e mulheres, estão sentados numa calçada, com fome e tremendo de frio, aguardando instruções do oficial, diante de uma manifestação popular. A ordem é: nenhum manifestante deve ser agredido. É dito algo como: “Vocês estão proibidos de reagir e estamos aqui para controlar a manifestação e não para reprimi-la”. Agora eu pergunto: com qual polícia essa polícia não se parece? Se você mora no Brasil, sabe a resposta. Em outro momento, agentes vão retirar estudantes que invadiram a reitoria de uma universidade e eles vão pegando um por um, educadamente, enquanto são agredidos pelos jovens rebeldes. Mas seguem o trabalho sem tiros nem armas de choque.
Em São Paulo, eu mesmo vivi na pele a reação policial numa manifestação pacífica
que foi da Avenida Paulista ao Largo da Batata. Os participantes não queriam Michel Temer
no poder. Foi uma chuva de bombas de gás, que causou pânico num clima repressivo. A série traz momentos de sentimentalismo e apela para uma música triste de marejar os olhos e para o drama pessoal e familiar dos soldados, muito orgulhosos de seu trabalho. Mas a comparação é válida. Dá a impressão de que os policiais de lá não são treinados para matar. Mas o que dizer dos nossos?
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