Não no meu quintal: moradores reclamam de novos prédios no Morumbi
Com construção em andamento em quarteirão da Avenida Morumbi, uma ação civil chegou a decidir que os lotes fossem destruídos por descaracterizar a região
Horrorizados com a possibilidade de ver novos prédios (e mais vizinhos) no Morumbi, moradores da região têm lutado contra as obras de três empreendimentos residenciais. “A construção segue em ritmo de guerra, mas a mudança de zoneamento que permitiu a aprovação foi feita no apagar das luzes e alterou só aquele quarteirão”, acredita Luis Sonnervig, 61, um dos moradores que acompanham o caso. Com todos os apartamentos vendidos e a construção em andamento, uma ação civil movida pela associação do bairro chegou a decidir que os lotes fossem destruídos, por descaracterizar a região — segundo a juíza Cynthia Thomé, consequências “desastrosas” seriam capazes de “aniquilar os atributos essenciais”.
A Tegra Incorporadora, responsável pelo projeto, recorreu da decisão. “Chegaram a dizer ‘vai derrubar o padrão do nosso bairro’, um nível de elitismo e egoísmo absurdo”, conta Thiago Castro, diretor executivo da empresa. Treze casas ocupavam os terrenos, que chegaram a ser usados como estacionamento antes da compra, em 2017. “Onde viviam treze famílias privilegiadas hoje caberão 140.” Membros do Condomínio Place des Vosges, segundo Castro, foram os principais promotores da ação. “Um grande círculo de torres coladas na calçada, sem respiro, com um grande jardim interno. São pessoas que acreditam que esse espaço todo é delas, não da cidade.” Com 4 119 habitantes por quilômetro quadrado, o Morumbi é das regiões de menor densidade populacional da cidade — menos de um terço do Jardim Paulista.
Publicado em VEJA São Paulo de 27 de janeiro de 2021, edição nº 2722.
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