Mulheres, cadeias e dez horas perdidas pro bem
Netflix é sinal de tempos modernos. Não tem essa de esperar duas semanas pra assistir ao episódio que passou nos Estados Unidos ganhar legendas decentes pra ver na televisão. Não tem essa de ter que ficar baixando os capítulos durante a madrugada. Ah! E não tem essa de pausa de final de ano ou reprises […]
Netflix é sinal de tempos modernos. Não tem essa de esperar duas semanas pra assistir ao episódio que passou nos Estados Unidos ganhar legendas decentes pra ver na televisão. Não tem essa de ter que ficar baixando os capítulos durante a madrugada. Ah! E não tem essa de pausa de final de ano ou reprises em feriados. Apenas não. O Netflix tá fazendo o que todo mundo sempre sonhou: disponibiliza no mesmo dia, para o mundo todo (ou quase isso), com legendas e dublagens a temporada inteira de suas produções. E sim, se você gostou você dispensa umas dez horas da sua vida de uma só vez e mata a curiosidade e se não gostou não precisa ficar vendo propagandas o tempo todo querendo te provar que aquilo é legal. Foi assim com House of Cards e, agora, com Orange Is the New Black, que estreou no último dia 11 e já é um dos queridinhos dos modernos.
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A história é baseada no livro que Piper Kerman escreveu sobre seu ano na prisão. Em Orange Is the New Black, Kerman vira Chapman, uma mulher de 30 e poucos anos (papel de Taylor Schilling), com um noivo adorável (Jason Biggs – aquele mesmo de American Pie) e uma carreira começando a decolar, que vai para a penitenciária cumprir treze meses de prisão por tráfico de drogas. A responsabilidade pelo tal crime, descobre-se já no primeiro capítulo, ela não toma para si, já que se diz iludida pela ex-namorada (a agora morena Laura Prepon – a Donna, em That 70′s Show) que a fez carregar uma mala cheia de dinheiro uma única vez.
Mas o que torna o recém-lançado Orange já tão querido? Mundo feminino, mundo feminino em confinamento e mundo feminino em confinamento com toques de acidez, no meu chute, são razões para amá-lo.
Sobre cadeia já assistimos a Prison Break e gostamos (e entendemos sobre privações, guardas abusados, amizades no fio da navalha, supervalorização das pequenas conquistas). Ah! Eu não sou do tempo de Oz. Passava no SBT e eu tinha medo. Sobre confinamento, Lost. Viciamos (e aprendemos como descobrir um pouco mais sobre cada personagem a cada episódio e entender a trama toda por partes). Sobre acidez, bem, aí tem Girls, o próprio House of Cards, e alguns outros corajosos que não apelam pro dramalhão ao mostrar pequenas realidades. Junta isso tudo, coloca uma pitada de cenas de sexo entre mulheres sem pudor e libera tudo em streaming, pronto! Habemus sucessus.
Enquanto escrevia aqui, um amigo comentou que achou a série triste e que ficou com dó da Pipa presa, mascando jalapeño pra fazer um creme pras pernas e sofrendo com a judiação das colegas. É um modo de ver. Eu ainda assisto a tudo curiosa com o paralelo que (de novo, não é nenhuma grande novidade) se constrói entre a vida das detentas do lado de dentro e fora das grandes, ponderando como alguns dos nossos problemas não são assim tão grandes quanto achamos, mas que só importa mesmo pra quem está vivendo aquilo e quando está passando por aquilo. Sei não, não acho triste, nem uma super comédia. Assisto e penso: uau, é isso aí!
Pra terminar, tem a música que a Regina Spektor fez pra ser abertura do seriado: You’ve Got Time (e canta comigo “remember all their faces, remember all their voices, everything is different the second time around”). A segunda temporada, de acordo com o Netflix, já está garantida. Sim, modernidades.
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Ops! E se você leu tudo até aqui mas não tem ideia do que é esse tal laranja que é o novo preto, tem um trailer bacana aqui. Desculpa não ter colocado o link no começo!
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=lqD0nFZUJY0?feature=oembed&w=500&h=281%5D