Juiz nega pedido de Guilherme Boulos para retirada de touro dourado
Estátua foi a polêmica da semana passada após protestos contra sua instalação
Não será desta vez que o famoso touro dourado da B3 deverá pastar em outra freguesia. Após o líder do PSOL e do MTST Guilherme Boulos entrar na Justiça para que a estátua seja retirada das ruas do centro de São Paulo, o juiz Evandro Carlos de Oliveira determinou que o reluzente ruminante permaneça paradinho onde está.
“Não se questiona que o Brasil passe por período de grande crise econômica e sanitária, o que tem agravado o relevante problema da fome mencionado na inicial. Ocorre que a estátua questionada fora idealizada com dinheiro particular e, consoante se observa no documento de fls. 18/23, trata-se de exposição temporária (01/10/2021 a 31/12/2021) e não definitiva”, escreveu o magistrado, no despacho. “O direito à cultura em razão da exposição de obras de arte à população em geral, com a utilização de dinheiro particular mediante o pagamento das respectivas custas ao Poder Público, não afeta o combate à fome nem consiste em evidente dano ao erário”.
Dias antes, Boulos ingressou com uma ação alegando que a figura do animal é um símbolo inadequado frente à real situação financeira da população brasileira. “Grupos organizados realizaram manifestações para denunciar a opulência e o falso progresso que a estátua representa, face à crise econômica, política, social e sanitária que tem levado milhões de brasileiros à fome. A sociedade em geral tem manifestado seu repúdio ao monumento e aos valores simbólicos que ele procura enaltece”.
Além de afrontar o moral do povo, Boulos afirma que o touro dourado viola a moralidade administrativa. “Convém questionar acerca da compatibilidade entre o uso do espaço público para homenagear o mercado de capitais e o interesse público…. Assim, cabe perguntar qual o interesse público envolvido na colocação de uma estátua de um touro dourado no centro de São Paulo. Na verdade, parece que o “monumento” serve apenas à glorificação do mercado financeiro e, mais especificamente, à glorificação da opulência e do enriquecimento. Não há conexão alguma entre aquela figura bovina e o interesse dos cidadãos paulistanos, sua história e seus costumes”.
Agora, o magistrado que negou a liminar abriu prazo para que o prefeito Ricardo Nunes e o subprefeito da Sé, Marcelo Salles, citados por Boulos, se expliquem.
Para poder instalar o polêmico monumento temporário, a DMAISB Arquitetura e Construção pagou à prefeitura cerca de 5 000 reais, a título de uso do espaço público.