Filipe Catto fala sobre o DVD Entre Cabelos, Olhos & Furacões
O disco de estreia de Filipe Catto, Fôlego (2011), mostra o incontestável talento do cantor e compositor gaúcho. Após explorar durante dois anos o repertório deste trabalho, ele lança o registro de um show realizado no Auditório Ibirapuera. Intitulado Entre Cabelos, Olhos & Furacões (o nome foi tirado da faixa Ave de Prata, de autoria […]
O disco de estreia de Filipe Catto, Fôlego (2011), mostra o incontestável talento do cantor e compositor gaúcho. Após explorar durante dois anos o repertório deste trabalho, ele lança o registro de um show realizado no Auditório Ibirapuera. Intitulado Entre Cabelos, Olhos & Furacões (o nome foi tirado da faixa Ave de Prata, de autoria de Zé Ramalho), o DVD vai além: reforça o seu gosto refinado e o consagra como um artista de palco. Quando se apresenta, Filipe Catto envolve o público em um clima passional. Resultado da interpretação dada por ele, que tem domínio total da sua voz de contratenor em temas viscerais. Confira a entrevista:
O seu trabalho de estreia é bom, mas o registro ao vivo engrandece você. Prefere estar no palco? Tenho a teoria que só existo como artista quando eu estou no palco. Essa é a tônica do meu trabalho. Tudo o que eu faço, desde dar uma entrevista a gravar no estúdio, é com o objetivo de me apresentar e ter contato com o público. Como no DVD tem a verdade do ao vivo, ele naturalmente adquiriu uma espontaneidade e mostrou o artista que realmente sou. Sou um artista de palco.
Como escolheu o repertório do DVD? As músicas vêm me acompanhando desde a minha estreia (2011). Como queria sair da zona de conforto, parti do repertório do disco para apresentar uma trajetória cênica e visual para o público. Não foi apenas uma show, mas um espetáculo. Existe um conceito, tanto que é possível notar pelo vídeo que o show começa de um jeito visualmente e termina de outro. Ao mesmo tempo, o repertório vai se transformando. Além de serem adequadas para o contexto, as músicas escolhidas tinham de ter uma relação afetiva comigo. Assim poderia interpretá-las de uma forma verdadeira.
A música Ascendente em Câncer faz parte do seu EP, mas não entrou no disco. Por que decidiu incluir no DVD? Essa música não entrou no CD, porque não cabia no contexto. Mesmo assim, o público sempre pedia para eu cantar nos shows. Como sempre gostei dela, decidi gravar.
Você mora em São Paulo desde 2010. De que maneira a cidade influenciou a sua carreira? Tem duas coisas importantes em relação ao meu encontro com São Paulo. Aqui eu pude entrar em contato com a minha geração e assim ampliei os horizontes, o que me deu liberdade e frescor na hora de compor. Além disso, estar na cidade ajudou a me contextualizar e a encontrar clareza dos meus pontos fortes. São Paulo respresenta o país inteiro artisticamente, tive contato com várias culturas e isso é ótimo, porque é essa pluralidade que norteia o meu trabalho.
Já encontrei com você em apresentações de artistas da sua geração. Apesar de você estar incluído no meio, o seu trabalho é um dos que mais distancia dos demais. Como é a troca entre vocês? Eu nunca parei para pensar nisso. Acho que sou diferente porque nunca busquei ser igual a alguém. Sempre fui muito diferente, inclusive no contexto gaúcho. Eu valorizo a minha individualidade e identidade musical. A minha geração frequenta a minha casa e também saímos juntos. Acabam surgindo parcerias. O que me interessa em trocar com os artistas é a essência que nos une e não a estética que nos diferencia. Tenho um carinho imenso por essa geração, mas profissionalmente eu sou bem na minha. Quero deixar a minha marca.
Saga é a música que mais define você como artista e ela acabou entrando na trilha da novela Cordel Encantado. Qual é a sua relação com ela? Saga é aquela música que vou cantar para o resto da vida. Acho que hoje ela nem é mais minha, tem vida própria. E cada vez que eu a canto, ela se modifica. É praticamente um coringa do meu repertório. Ela tem a urgência, o calor e a personalidade do meu ser, por isso a música consegue definir quem é o artista Filipe Catto. É o meu cartão de visitas. Antes de gravar o disco, eu pensava que nunca mais conseguiria compor algo tão bonito quanto Saga, mas aí veio Adoração, que também é forte e mostra o meu outro lado. Até um lado menos clichê. É o oposto de Saga, porque uma é visceral e a outra, apesar de ter uma carga, é solar.
Qual é o seu próximo passo? Quero fazer mais músicas legais, parcerias, absorver e criar. Não quero pensar em algo físico agora, porque a parte legal é essa de criar sem compromisso. Claro que vem um disco, mas isso é consequência.