“Leopoldina, Independência e Morte”: a versão da imperatriz
Sara Antunes dá voz à primeira mulher de dom Pedro I no drama escrito e dirigido por Marcos Damigo
Em tempos de representatividade urgente, Leopoldina, Independência e Morte traz à tona uma personagem relegada ao time dos figurantes. Com texto e direção de Marcos Damigo, o drama protagonizado por Sara Antunes dá voz à primeira mulher de dom Pedro I.
Em 2 de setembro de 1822, cinco dias antes do grito às margens do Ipiranga, a austríaca Leopoldina (1797-1826), então regente interina, declarou o país livre de Portugal. Nos registros oficiais, porém, pouco sobrou além da imagem de esposa traída e resistente à adaptação aos trópicos.
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Só por esse reparo, a peça já se mostra relevante e ousada, afinal é praticamente nula a tradição de um teatro voltado para as raízes históricas. Por isso mesmo, o autor optou por uma veia didática, necessária para esclarecer o público em relação aos feitos e à identidade dos personagens.
Dividida em três partes, a montagem começa com a protagonista irritada diante da possibilidade de fincar pé no Brasil. Culta e refinada, ela se incomoda com a falta de liberdade e o esnobismo da família do marido. O monólogo se quebra quando a imperatriz recebe a visita de José Bonifácio (papel de Joca Andreaza), seu aliado.
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No ápice do espetáculo, Leopoldina, solitária e delirante no leito de morte, revê as muitas perdas e os poucos ganhos. Sara dá um salto como intérprete ao se desprender do rigor imposto pela cronologia histórica e mergulhar em um conflito psicológico capaz de sacudir o espectador, que, até então, se via diante de uma eficiente, mas pouco surpreendente obra teatral (80min). 12 anos. Estreou em 26/5/2018.
+ Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, centro. Segunda e quarta a sábado, 20h; domingo, 18h. R$ 20,00. Até o dia 21.