Imagem Blog

Randômicas

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Tudo sobre música, clipes, entrevistas e novidades dos shows.
Continua após publicidade

Nelson Freire: “Durmo mal antes e depois do concerto”

Nelson Freire conversou com a Veja São Paulo.com. Ele se apresenta em Ilhabela no dia 29 de dezembro

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 dez 2016, 15h35
nelson-freire-foto-divulg-2014-a-jpg.jpeg
Nelson Freire: apresentação em Ilhabela (foto: Divulgação) (Divulgação/Divulgação)
Continua após publicidade

Virtuoso no piano, o mineiro Nelson Freire está acostumado a lotar plateias pelo mundo. Depois de duas apresentações na Sala São Paulo, ele encerra o ano com uma performance no Complexo Cultural Baía dos Vermelhos, espaço recém-inaugurado em meio à Mata Atlântica em Ilhabela, no dia 29 de dezembro. Está é uma das raras oportunidades de vê-lo se apresentar. No programa, ele executa obras de Bach, Chopin, Villa-Lobos e Beethoven. VEJA SÃO PAULO.COM conversou com ele nesta semana. Confira.

VEJA SÃO PAULO.COM: Hoje, como se dá a construção do programa de uma de suas apresentações?

Nelson Freire: Trata-se de uma mistura de experiência e intuição. É necessário haver uma coerência musical, timing e variedade. Essencial você se colocar no lugar do público e só tocar obras que te dizem alguma coisa que você possa transmitir.

VSP: Atualmente, vemos poucos artistas brasileiros com uma carreira de destaque como a sua. Por que isso acontece?

NF: Infelizmente estamos já há algumas décadas vivendo um declínio cultural no nosso país. É muito difícil para um jovem brasileiro encontrar estímulo para ir em frente. É uma pena, pois um povo se impõe pela cultura e a música é o grande veículo de harmonia, amor e entendimento entre as pessoas. Os verdadeiros valores têm sido menosprezados ou esquecidos. Recentemente estive na China e fiquei maravilhado com o respeito e admiração que eles têm pelo artista. Aliás, as três profissões mais respeitadas são do professor, do médico e do artista. Nos concertos, teatros fantásticos, salas lotadas e um público entusiasta onde grande parte são crianças!

VSP: Em uma reportagem do jornal O Globo, de 2014, você comenta que gravar um CD seria um registro para as próximas gerações. Preocupa-se com isso?

NF: Sim, acho importante registrar o que fazemos. Não deixa de ser uma informação para gerações futuras. Eu aprendi muito ouvindo os grandes pianistas do passado graças às gravações.

VSP: Nesta mesma entrevista, você diz que ainda tem muito a progredir. O que mais sente vontade de fazer?

NF: A arte é infinita. Graças a Deus. Sempre há algo que pode ser melhorado, entendido de outra forma. Desafios não faltam. Uns são superados, outros a gente dá um jeito e vamos sempre aprendendo. É isso. Um eterno aprendizado.

Continua após a publicidade

VSP: Como descreveria uma semana de ensaio?

NF: Durmo mal antes e depois dos concertos. Por isso gosto de ter uns intervalos entre apresentações. Nem sempre é possível.

VSP: No documentário Nelson Freire, de João Moreira Salles, em um trecho difícil, na peça Concerto nº2 em si bemol maior, opus 83, de Brahms, você aparece um pouco mais tenso ao ensaiar esta peça. Depois, comenta sobre o nervosismo de errar e do fato de Rubinstein não ter tocado o trecho.  Aainda se preocupa com certos trechos?

NF: As dificuldades muitas vezes são psicológicas. A gente ouve dizer o tempo todo que uma coisa é difícil e acaba achando. Quando se percebe isso, você vê a dificuldade de outra forma e ela deixa de existir. Pensar no sentido musical do trecho ajuda muito. Esse, do concerto de Brahms, deixou de ser aquele espinho. Porque não quero provar nada com ele, deixou de ser uma exibição.

VSP: Prefere se apresentar sozinho ou com uma orquestra ao redor? E por quê?

NF: Gosto de ambos. São coisas diferentes. Com orquestra é mais “colorido”. Tem os ensaios, aquele barulhinho da orquestra afinando antes de a gente entrar no palco, a cumplicidade com o regente (algumas vezes com alguns regentes) e estar ali rodeado de um monte de gente fazendo música com você. Recital são outros 500. Solitário, a responsabilidade é maior. Você toca durante muito mais tempo e ali você só conta com você, o piano e a música!  Mas quando tudo funciona e o público reage é muito gratificante. Além de que o repertório para piano solo é vastíssimo e maravilhoso!

Continua após a publicidade

VSP: Recentemente, qual obra tem te emocionado?

NF: Toda grande obra, e não me refiro ao tamanho, quando interpretada por grandes artistas, me emociona. Obras menores também podem me emocionar quando a interpretação é sublime. Já uma grande obra numa versão medíocre me deixa irritado.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.