5 perguntas para Ruy Ohtake
É fácil reconhecer os projetos do arquiteto Ruy Ohtake na paisagem de São Paulo. Curvas e cores fortes são marcas de edifícios projetados por ele, como o Hotel Renaissance, na Alameda Santos, o da Coperçúcar, na Avenida Paulista, o Hotel Unique, na Avenida Brigadeiro Luís Antonio, e o Instituto Tomie Ohtake, na Pedroso de Morais, […]
É fácil reconhecer os projetos do arquiteto Ruy Ohtake na paisagem de São Paulo. Curvas e cores fortes são marcas de edifícios projetados por ele, como o Hotel Renaissance, na Alameda Santos, o da Coperçúcar, na Avenida Paulista, o Hotel Unique, na Avenida Brigadeiro Luís Antonio, e o Instituto Tomie Ohtake, na Pedroso de Morais, homenagem à sua mãe, a artista plástica Tomie Ohtake.
Além desses prédios bem conhecidos, Ohtake já projetou habitações em Heliópolis e está concluindo um santuário em parceria com o Padre Marcelo Rossi na Zona Sul. Com pé direito de 22 metros, a construção não tem pilares. Assim, os 80 000 fiéis que cabem ali podem assistir às missas de qualquer ponto. A primeira parte da obra já foi inaugurada. A próxima etapa inclui acabamentos e uma capela, coisa que Ohtake já projetou, embora pouca gente saiba. “Fiz uma igreja em Araxá (MG) e uma capela no CT do Corinthians, no Parque Ecológico do Tietê”, diz ele, que já foi coroinha nos tempos de Colégio Dom Bosco, quando as missas eram rezadas em latim (Ohtake tem 74 anos). Abaixo, cinco respostas dele às cinco perguntas do Morar em SP.
1) Para você, o que é morar em São Paulo?
O melhor dessa cidade são as relações pessoais. Não temos uma natureza exuberante, mas as relações podem ser fascinantes. Promover esses encontros é o que morar aqui oferece de melhor.
2) O que não pode faltar em uma casa paulistana?
Espaço para convivência, para estar com a família, com os amigos. Podem ser amplos ou pequenos, não importa, mas esses espaços têm de existir. Sempre levo isso em conta nos meus projetos, até mesmo nos apartamentos que fiz em Heliópolis, de 46 metros quadrados e dois dormitórios. A alegria das famílias nas salinhas, pequenas, mas aconchegantes, é incrível.
3) De que maneira o lugar onde moramos impacta na nossa vida?
Ao morar em um lugar, contribuímos para criar a identidade desse local. A Vila Madalena tem uma, Heliópolis tem outra e assim por diante. Essas identidades se formam não só pelo poder aquisitivo dos habitantes, mas pelos materiais usados nas casas, pela forma de pensar, pela convivência. A arquitetura é uma relação de ida e volta. Precisa agradar e ser agradada. É preciso haver um esforço para que os locais sejam sempre agradáveis e quem desempenha esse papel são os moradores.
4) Qual sua opinião sobre a arquitetura da cidade?
Cada época tem a sua arquitetura, é preciso respeitar isso. Mas a verdade é que em São Paulo faltam exemplares belos. E a arquitetura tem de ser bela. Edifícios neoclássicos não têm nada a ver. Foi uma ideia de criar apelo, status social, que pegou, não sei dizer a razão.
5) Seu projeto arquitetônico preferido na cidade (que não seja seu).
O Parque Ibirapuera, porque promove convivência em todos os níveis. Tem o pessoal do skate, dos museus, da Bienal, os idosos, as crianças… A marquise é fantástica porque não é apenas um local de passagem. A largura dela, bem generosa, permite ficar ali, realizar eventos, enfim, promove a convivência. Tudo gira em torno dela.