Fernanda Montenegro transborda grandeza e se despede do drama em ‘Vitória’
A dama do cinema brasileiro mostra sua grandiosidade em filme do genro, Andrucha Waddington, sobre senhora que denunciou crimes a polícia

Em um momento histórico, com a vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar, Vitória já receberia atenção do público brasileiro, mas ganhou ainda mais tração quando Fernanda Montenegro, que estrela o filme, disse na pré-estreia, no Theatro Municipal, que este será seu último drama.
A despedida tem direção de seu genro, Andrucha Waddington, que assumiu a chefia do projeto após a morte de Breno Silveira (Dois Filhos de Francisco).
A dama do cinema brasileiro mostra sua grandiosidade no papel de Dona Nina, uma senhora que decide reportar crimes observados da janela de seu apartamento, em Copacabana, para policiais. Compra uma filmadora para registrar e denunciar tudo que vê.
Sem sucesso, recebe ajuda de um jornalista policial, Flávio (Alan Rocha) — personagem referente a Fábio Gusmão, autor do livro que inspirou o longa. Então, consegue chamar a atenção de investigadores e se dá conta de que o buraco é mais fundo do que parecia.
Fernandona é gigante e transborda as margens da tela. Sua majestosidade é ressaltada quando acompanhada da direção, que simplifica partes e processos importantes e não expressa tanta personalidade.
Com todas as expectativas do início do texto, soma das aos grandes papéis da atriz, a sensação que fica é a de que a ocasião merecia algo mais impactante.
Por outro lado, o roteiro e o design de produção, de um pitoresco Rio de Janeiro dos anos 2000, faz um belo retrato de época.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de março de 2025, edição nº 2936