Sophie Thatcher: “Se a IA tocar na arte, as pessoas perderão autenticidade”
Atriz estrela ‘Acompanhante Perfeita’ e revela, em entrevista a Vejinha, as inspirações para o papel de ‘diva assassina’

Acompanhante Perfeita, do diretor e roteirista Drew Hancock, é o tipo de filme que fica melhor quanto menos informações você tiver ao entrar na sala de cinema.
Por isso, aqui vai uma breve sinopse: o casal Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid) viaja com alguns amigos para passar o fim de semana em uma casa de campo luxuosa e tudo corre bem, até que o passeio toma um rumo inesperado quando revelações vêm à tona.
O longa tem como produtores os criadores de Noites Brutais (2022) e traz interlocuções interessantes com O Exterminador do Futuro (1984), Garota Infernal (2009) e Ex_Machina (2014) — ao apresentar uma “diva” assassina e super-humana como protagonista.
Confira a seguir a entrevista de Sophie Thatcher para a Vejinha.
Quais foram suas referências para criar a Iris?
Eu fiz uma playlist para entrar no clima do papel e ouvi muito a banda Broadcast. O som era de um sentimento de uma melancolia nostálgica. Me debrucei muito na construção do visual exato para a Iris, junto da figurinista. Gostávamos da ideia dela ser uma “girl next door” (arquétipo da garota tipicamente americana), mas de uma forma muito mais específica, de modo que os homens se sentiriam atraídos por ela porque sentem que a viram em filmes. Queria trazer a sensação de que ela é um ícone do estilo dos anos 60. Trouxe referências da nouvelle vague francesa, como a atriz Juliet Berto. Encontrar a roupa certa muda sua postura, muda a maneira como você se comporta.

Como acha que a postura conta a história dela?
Iris é bem insegura. Então havia uma sensação de sentir-se completamente nua e vulnerável. Eu nem tinha pensado sobre isso, mas vi uma cena minha correndo e também notei uma rigidez. Achei engraçado, porque estava com uma postura tão dura (risos). Havia algo inconsciente em mim. São pontos em que vemos que há algo errado na história.
Houve alguma cena mais desafiadora?
A cena da revelação, em que eu estava amarrada, foi estressante para mim, porque o filme gira em torno daquele momento. Era preciso estar com a Iris naquele momento e ter o mesmo nível de choque. Há tanta confusão e havia tantas formas de fazer. Assistindo depois, fiquei feliz com o resultado.
Para você, sobre o que o filme fala?
Ele explora tantas ideias sobre relações humanas, dinâmicas de poder, narcisismo e misoginia de uma forma muito inteligente. Fala sobre como nós, mulheres, somos instruídas a achar que não somos donas do próprio corpo. E sobre IA (inteligência artificial), acho que uma vez que a IA tocar nossa arte, chegará a um lugar assustador, onde as pessoas perderão autenticidade.
Uma palavra para definir Iris?
Auto-descoberta é o arco principal dela.

Publicado em VEJA São Paulo de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930