‘O Mal Que Nos Habita’ aposta no grotesco e na escatologia para chocar
Terror argentino dirigido por Demián Rugna busca gerar repulsa com sangue e ser maligno repugnante
✪✪✪ Após chamar a atenção no circuito internacional no ano passado, O Mal Que Nos Habita chegou aos cinemas brasileiros mostrando o motivo do burburinho. O terror argentino, dirigido por Demián Rugna, aposta de maneira autêntica e bem-sucedida no grotesco e na escatologia.
A trama se passa em uma cidade pacata do interior, onde dois irmãos encontram um homem moribundo, possuído por um demônio. Eles tentam dar um fim ao sujeito, mas acabam levando o mal involuntariamente por onde passam. O ser maligno gera repulsa, por seu estado de quase putrefação e pela maldição que invoca.
Esse é um dos pilares no qual o longa se apoia para perturbar, indo mais longe do que a média na onda recente de filmes do tipo. O choque não é apenas uma das bases do enredo, como também um dos objetivos.
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Outro, que se desenrola ao longo da trama, é a reflexão sobre religião e profecia, que poderia ser mais desenvolvida — quem sabe em uma continuação. O mesmo vale para as pequenas doses de relações humanas. As cenas finais são breves, mas fecham os nós. Depois de alguns projetos sem a mesma repercussão, Rugna prova seu potencial no gênero.
Publicado em VEJA São Paulo de 9 de fevereiro de 2024, edição nº 2879