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Filmes e Séries - Por Barbara Demerov

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Obsessão por produções sobre serial killers: será que passamos do limite?

Diversas séries documentais e ficcionais sobre crimes estão tomando conta do streaming, evidenciando a alta procura do público

Por Barbara Demerov
28 set 2022, 18h31
Evan Peters como Jeffrey Dahmer, um serial killer
Evan Peters como Jeffrey Dahmer, um serial killer (Ser Baffo/Netflix/Divulgação)
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A onda do true crime cresce cada vez mais e já é impossível contê-la. Seja por lançamentos ficcionais baseados em fatos ou por documentários detalhados sobre serial killers (há diversos na Netflix), o assunto gera curiosidade e se tornou um dos queridinhos do público – e do algoritmo.

+Henry Borel: HBO Max anuncia série documental sobre o caso

A produção da HBO Max, Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, já é a mais vista do catálogo. O lançamento de Dahmer: Um Canibal Americano, na Netflix, também gerou burburinho – e não é surpresa se deparar com o nome do serial killer nos trending topics do Twitter todos os dias.

O mesmo aconteceu com Ted Bundy há poucos anos. Quando o mesmo serviço de streaming lançou a série documental Conversando com um Serial Killer (que também aborda outros nomes que aterrorizaram o mundo, tal qual John Wayne Gacy), houve quem falasse que o assassino era “charmoso” ou “bonito”.

Ted Bundy: serial killer já foi interpretado por Zac Efron no cinema
Ted Bundy: serial killer já foi interpretado por Zac Efron no cinema (Divulgação/Divulgação)

Em outubro, a série em documentário sobre Dahmer será lançada. Mesmo não sendo tão romantizado como Bundy – afinal, a série sobre o canibal aborda muito mais o impacto de seus crimes nas famílias das vítimas –, o alcance que a série conquistou assusta. No caso de Dahmer, a história vai além dos crimes: ela ganha contornos de negligência policial e racismo, resultando em episódios, no mínimo, revoltantes.

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É fato que o suspense e o terror fazem sucesso há dezenas de anos, e histórias sobre assassinos ou canibais (Hannibal Lecter é um bom exemplo) sempre tiveram seu público cativo. Afinal, o ser humano é curioso por natureza. E, quando falamos sobre pessoas com questões psicológicas inexplicáveis, cabe ao espectador tentar entender.

Não há problema em consumir esses conteúdos. Até a crescente onda dos documentários, as produções de alguns anos atrás deixavam claro que havia uma camada de ficção acima da realidade, introduzindo personagens que pudessem subtrair (pelo menos um pouco) algumas verdades aterrorizantes. É o caso de filmes como Zodíaco, O Silêncio dos Inocentes, Psicose, Halloween e Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal.

+Além de ‘Dahmer’: produções sobre serial killers para assistir na Netflix

A provável linha que divide o entretenimento “saudável” da exagerada procura por crimes reais surge a partir das inúmeras opções que existem para assistir no streaming e, também, do formato: documentários são tão assustadores quanto ficções (Night Stalker, da Netflix, está aí para provar isso) e afetam diretamente quem esteve envolvido nos casos.

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É claro que o mercado, encarando como uma área de sucesso, irá produzir dezenas de séries e filmes sobre true crime. Mas estamos chegando perto de um nível um tanto exagerado de opções, em que os serial killers se tornam estrelas  e as vítimas, em meras imagens nos créditos das produções ou, simplesmente, números.

Dahmer: Um Canibal Americano, como já dito, vai além de contar a história do assassino e prioriza a dor das vítimas. No entanto, a escolha de dramatizar a dor das famílias foi criticada. Ou seja: este é um terreno sensível, e o simples ato de maratonar uma produção que envolve as mortes de pessoas inocentes já é um tanto problemático por si só.

É comum ler frases como “assisto true crime para relaxar” na internet. Mas, diante de obras mais recentes, é preciso discernir que o que estamos assistindo não é entretenimento puro, mas sim vestígios de vidas que foram massacradas por assassinos cruéis. Entender o que essas produções representam já é o primeiro passo para evitar que serial killers façam parte da “cultura pop”.

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