“A arte não deixa de ser uma queixa”, diz Matheus Nachtergaele sobre Piedade
Ator falou à Vejinha sobre o drama de Claudio Assis que está em cartaz nos cinemas
Livremente inspirado em eventos da vida do cineasta Claudio Assis, Piedade é um filme que mistura temáticas distintas, mas que se complementam em certo ponto. A primeira é a especulação imobiliária, que assola a cidade-título; a segunda, um intenso conto familiar.
É através dessa vertente que Assis insere sua história: assim como Omar (Irandhir Santos), que procura pelo irmão perdido (Sandro, interpretado por Cauã Reymond), o diretor também foi separado de seu irmão, dedicando anos à busca. E, simultaneamente a essa rede de conexões, há um personagem que confronta tudo e todos: Aurélio (Matheus Nachtergaele), impetuoso executivo de uma empresa petrolífera que chega ao local.
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À Vejinha, Assis e Nachtergaele — cuja parceria é uma constante na carreira da dupla — falam sobre a trama. O ator diz que Piedade é um filme de presságio: quando competiu no Festival de Brasília, em 2019, o vazamento de petróleo no Nordeste havia acabado de acontecer.
O ator aponta que, na arte, sempre há queixas sobre a realidade. “É queixa com poesia. Portanto, arte. O Brasil se tornou um lugar onde o cinema de autor é urgente.” Assis destaca que sempre procura trabalhar com temas frequentes e presentes. “Não é fácil abordar um drama que acontece com tantas pessoas no país e no mundo”, diz.
Na pele de Carminha (mãe de Omar e Sandro), Fernanda Montenegro sempre foi a principal opção. “Cláudio me perguntou: ‘Será que ela vai aceitar o convite?’. Respondi: ‘Acredito que Fernanda seja sua fã’.” Dito e feito. A união entre os dois se deu na hora. Ela é ‘a atriz’, com todas as letras”, conta Nachtergaele.
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750