Como manter a harmonia familiar em meio às discussões políticas

A tal da felicidade não é para depois. É parte da gente, direito humano, integrada à vida que viemos viver. Mas ela não cai do céu, assim fácil, todo dia. Requer coragem. A felicidade é uma escolha, uma fruta doce, que a gente tem de colher a cada manhã. E para chegarmos a essa tal felicidade, para que ela nos envolva, acariciando, como cócegas que nos abrem sorrisos, os caminhos são infinitos. Um para cada pessoa, vários por dia.

Regar as plantas, com carinho, e falar com elas baixinho para a vizinha não descobrir quão louca a gente é. Ver o sol nascer, ouvir os pássaros cantar. Sentir a cama quentinha no frio paulistano por só mais cinco minutos. Abraçar quem a gente ama. Brincar com os netos! Acreditar naquilo que faz, no seu trabalho, na carreira e no propósito. São acendedores da felicidade. Eu escolhi a meditação.

É o que sei fazer. Morei em um monastério distante, por anos e anos, para descobrir como encontrar a felicidade dentro de mim, e não fora. Medito: sinto a presença, meu corpo sereno, a respiração lenta que se torna profunda. Energias se expandem, tensões somem. Ali, na minha presença verdadeira, na alma, acho um amor que eu nem sabia que tinha. Volto feliz; eu me torno pleno.

Não existe tanta diferença assim entre o meditador, a criança feliz, a avó que brincou com os netos e um executivo cheio de propósito. Todos buscaram, de maneiras diferentes, a mesma essência e experiência. Estar presente no momento; transcender o óbvio; encontrar significado.

Presença é essencial. Porque a mente vai, foge, corre: em busca de novas descobertas, de desafios, de algo a pensar. É claro que encontra. Buscando o incompleto, ela deixa de perceber o que já existe. A insegurança vem; a incerteza, com sua filha, a ansiedade, vem. Mas, ao estar presente, você aceita o que é difícil, e tem prazer em infinitas coisas boas que já existem ao redor.

Transcender é palavra pouco conhecida para o que a gente faz sempre, quando é feliz. Veja: um abraço não é apenas um toque, é uma expressão de amor. O Sol não é apenas uma estrela: é um dia cheio de possibilidades. Transcender é ver o invisível em cada momento, além do óbvio concreto que nos aprisiona.

O significado é libertador. É a vida que faz sentido. Ele muda a cada momento. O significado nos protege do caos, quando a gente descobre que não há coincidências, mas sim um fio a nos guiar rumo a algo maior, mais belo.

Mas a família fala, conversa, fofoca, discute. A política atrita. O trânsito nos enlouquece, o trabalho mal flui. Como manter a felicidade alcançada, a fruta que colhemos, na brincadeira, na alegria, no abraço, na meditação?

1. Respire. Coloque a mão sobre o peito. faça seu torso inteiro respirar e sinta o ar preenchendo cada parte, puxando o músculo do diafragma para baixo. de olhos fechados, se quiser. E apenas por último a mão vai subir e o peito se mexer. Respire com o ar saindo lentamente e sinta o efeito. Os pensamentos têm a velocidade da respiração. Acalme esta e controlará aqueles.

2. Observe. Quando foi a última vez que você viu? Não os seus olhos — esses veem —, mas você? Veja, e não reaja a tudo. Escolha. A maior parte da vida é para ser observada.

Satyanatha é um mestre de meditação. Morou por sete anos no Monastério de Kauai Aadheenam. Criador do app Vivo Meditação, ama a essência da vida e das pessoas e acredita na luz que existe em cada um.

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