O mar desacelera, harmoniza e traz saúde integral
Henrique Pistilli, o “homem peixe” do Canal Off e fundador da Imua Escola do Mar, fala sobre as propriedades curativas de estar em contato com a água
A natureza mudou minha vida e continua mudando todos os dias. Em momentos de aceleração, sobrecarga, crise ou ansiedade, foi no oceano e nas ondas que me reconectei com a paz interior e a coragem para realizar meus sonhos. Estudar a natureza, as organizações e o ser humano como fenômenos vivos complexos tem sido fundamental para a navegação. Hoje, aos 43 anos e duas décadas de prática junto a ciências como antroposofia e fenomenologia, tenho me dedicado cada vez mais a facilitar experiências que apoiem lideranças a ampliar sua percepção e seu impacto. Ampliar o olhar é essencial, pois a forma como vemos o mundo se transforma no jeito que vivemos!
Quando entramos na água para uma experiência com intenção clara, aprendemos que nossas reações inconscientes e nossas atitudes refletem o mesmo movimento da vida cotidiana. Sim, as mesmas reações inconscientes que nos levam à ansiedade, ao medo, ao pânico acontecem também dentro da água. Nesse ambiente líquido que traz a sensação de vulnerabilidade podemos observar como o corpo se movimenta, como a respiração se comporta e como são os fluxos de pensamentos.
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A partir dessa auto-observação facilitada por nós, profissionais da Imua Escola do Mar, conseguimos criar um ambiente seguro, porém que possibilite ao corpo uma sensação de limiar ao desconhecido, ativando os sentidos, gerando atenção plena e adrenalina, encontrando o desafio para entender como o ambiente líquido funciona, sempre em busca de integração. Aos poucos, aprendendo a respirar e se movimentar em harmonia com a água, você vai chegando a um estado de tranquilidade, sem esforço físico, fluindo com a força do mar a seu favor.
A habilidade de sincronizar os movimentos do ambiente em relação ao próprio corpo traz segurança e alinha o PENSAR, o SENTIR (respiração) e o QUERER (vontade), que se desdobram em AÇÕES mais conscientes, movimentos leves, amplos e circulares, no ritmo do vai e vem das correntes, como uma meditação ativa. No ponto onde o medo é superado pela consciência do que é fantasia ou risco real, essa dança de movimentos internos e externos flui e fortalece a coragem para lidar com as adversidades da vida.
Os relatos de alunos e alunas são frequentes. Alguns conseguiram construir um estilo de vida que priorizasse o bem-estar, cuidando da saúde mental, física, emocional e espiritual no dia a dia. Outros narram uma relação mais harmônica com os familiares, os colaboradores e eles mesmos. E todos explanam um alinhamento entre vida pessoal, profissional e propósito, traduzido por esta frase muito recorrente:
“Depois da experiência na água, desenvolvi mais coragem para encarar os desafios da vida e realizar meus verdadeiros sonhos”.
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Muitos começam a dormir melhor ou param de tomar remédios. Outros conseguem lidar com a vida sob pressão, chegando a um caso de enxaqueca crônica curada.
Sabemos que o mar é a origem da vida e para onde tudo retorna. Sua vastidão, profundidade, força e sabedoria se revelam como um livro aberto, ainda desconhecido. Não dá para falar de mar sem falar das fases da lua e das marés, sem falar da influência direta em nossos ciclos e emoções internas. Contemplar a natureza é um passaporte para compreender a si mesmo, o universo e a vida.
A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br
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Publicado em VEJA São Paulo de 14 de setembro de 2022, edição nº 2806