Obras de Ivan Serpa contam sua trajetória de forma cronológica
Exposição reflete, em mais de 200 peças, todo o repertório de estilos empregados nas produções do artista ao longo da vida; entrada grátis
Sugere-se que o visitante comece a mostra Ivan Serpa: a Expressão do Concreto pelo mezanino do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e vá avançando até o 4º andar. Isso porque a exposição, com curadoria de Marcus de Lontra Costa e Hélio Márcio Dias Ferreira, traz a trajetória artística do carioca organizada de forma cronológica.
Ao todo, são apresentadas mais de 200 obras de Serpa, figura importante do circuito nacional, tendo participado da I Bienal de São Saulo, em 1951. No Rio de Janeiro, foi um dos fundadores do Grupo Frente, um dos pilares do concretismo no país, nos anos 1950.
Seu pioneirismo na abstração geométrica, notado em obras como Biombo Concretista (1952), contudo, não o fez refém. Depois de uma temporada de estudo na Europa, ele voltou ao país nos anos 1960 e navegou sem pudores por diferentes experiências artísticas. Criou paisagens abstratas que combinavam jorros em tons pastel com linhas frágeis, vide a tela 5 de Março (1962), que também parece beber da estética japonesa do wabi-sabi.
Na série Fase Negra, também dos anos 60, presente na mostra em uma sala com clima soturno e iluminação pontual, ele se deixou tragar pelas sombras, criando personagens de sofrimento, dor e confusões evidentes. Em 1968, volta-se para a geometria novamente, mas de forma mais sinuosa, com paleta colorida. Na pintura intitulada Série Amazônica Nº 13 (foto de destaque; 1968), o quadrado no centro parece o ponto de partida e o ponto-final para o movimento criado pelos elementos convexos presentes nas figuras que o circundam.
Exposição “Ivan Serpa: a Expressão do Concreto”
> Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Rua Álvares Penteado, 112, centro. Tel.: 3113-3651. Quarta a segunda, 9h às 21h. Grátis. Agendamento em tinyurl.com/ybq5zs4o. Até 12 de abril.
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Publicado em VEJA São Paulo de 03 de março de 2021, edição nº 2727