Exposição faz homenagem a Sueli Carneiro com plantas, orixás e histórias
Instalada no Itaú Cultural, mostra é grátis e vai até o dia 31 de outubro

A face de entrada da Ocupação Sueli Carneiro, no térreo do Itaú Cultural, é uma muralha. De estrutura vazada, com cerca de setecentas plantas, das variedades espada-de-são-jorge, samambaia e antúrio, entre outras. De acordo com as recomendações de fluxo de visitantes durante a pandemia, você chega pelo lado esquerdo e sai pelo direito. As boas-vindas são dadas por uma aquarela do ator e artista Antônio Pompêo (1953-2016), sem data de realização conhecida. Veem-se nessa obra as Iabás, orixás femininas do candomblé. São elas: Oxum, Iansã, Ewá, Iemanjá, Obá e Nanã. A filósofa e jornalista, que completou 71 anos em 2021, professa essa religião, que na exposição está presente em itens como a escultura de Ogum, dada a Sueli pela também filósofa Djamila Ribeiro.
O percurso da mostra é impressionantemente circular, não tem paredes entre os núcleos e há uma espécie de árvore ao centro. Nela, escamas secas de peixe fazem as vezes de folhas, da cor branca, com um brilho opaco. Abaixando os olhos, mira-se um vídeo que traz um pouco da biografia de Sueli, como a obstinação do pai, que era ferroviário, e que com o emprego em São Paulo vai pouco a pouco trazendo os familiares que ficaram em Minas Gerais e trabalhavam em plantações, em condições análogas à escravidão. A escritora Conceição Evaristo aparece em uma foto, abraçada com Sueli. Um retrato de 2019, que traz a gerações mais novas dois grandes nomes da cultura brasileira e do movimento negro, que muito antes das questões raciais serem discutidas mais amplamente já estavam de pé, nas trincheiras, contra o preconceito.

> Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, ☎ 2168-1777. Terça a domingo, 11h às 19h. Grátis. Até dia 31.
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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762