Exposição de Yuko Mohri na Japan House traz ‘sinfonia sem controle’
Conjugando diferentes instrumentos em sua mostra, a artista é influenciada em alguns aspectos por Tom Jobim e pelo francês Erik Satie; entrada gratuita
A artista japonesa Yuko Mohri está em uma exposição na Japan House, parte da rede das “mostras amigas” da Bienal de São Paulo. A exposição traz duas instalações: Parade e Moré Moré, fundidas em uma nova, Parade — Um Pingo Pingando, Uma Conta, Um Conto. O trabalho tem também um toque brasileiro, já que foi influenciado pela canção Águas de Março (1974), de Tom Jobim (1927-1994). Veio igualmente da música outra referência que pode nos ajudar a compreender Yuko, Erik Satie (1866-1925). Tal qual o compositor francês, ela cria uma estrutura com ritmo, que parece possível de prever, mas não é, aguçando a curiosidade do visitante, que pode tentar se antecipar, mas em vão.
A obra tem como coração uma máquina inédita, que interpreta uma partitura que não tem notas, mas, sim, cores, e uma espécie de forro de mesa com frutas. A partir dos comandos cromáticos são ditados os movimentos dos objetos que fazem parte do circuito criado, como uma sanfona, um bumbo e um par de espanadores. Em geral, itens cotidianos que ganham outra função, menos utilitária e mais artística, digamos. Também se juntam às traquitanas sombras projetadas nas paredes, que de alguma forma reforçam a ideia de que o fato de ver ou conhecer algo não significa poder controlá-lo.
> Japan House São Paulo. Avenida Paulista, 52, ☎ 3090-8900 . Terça a sexta, 10h às 17h; sábado, domingo e feriado, 9h às 18h. Grátis. Até 14 de novembro.
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Publicado em VEJA São Paulo de 8 de setembro de 2021, edição nº 2754