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Blog do Lorençato

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O editor-sênior Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 15 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Um doce para celebrar o dia de São José

A zeppola é uma receita típica do sul da Itália, criada em homenagem ao marido da Virgem Maria, com comemoração em 19 de março

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Atualizado em 20 jan 2022, 14h06 - Publicado em 19 mar 2021, 12h22
Casa Santa Luzia - zeppola
 (Iara Venanzi/Divulgação)
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Doce sazonal, a zeppola tem seu elaboração concentrada no mês de março e o dia 19 seu ápice, quando se comemora São José. O doce de origem napolitana extrapolou os limites da Campânia e é apreciado também na Apúlia e na Sicília. Confira o texto que publiquei originalmente em março de 2005 na Gazeta Mercantil:

Nas ruas de Nápoles, 19 de março é um dia muito especial. Celebra-se o glorioso São José, carpinteiro de alma nobre que aceitou casar-se com a Virgem Maria, mesmo sabendo que ela trazia um Filho do Divino no ventre. Rezam-se muitas missas e inúmeros festejos devotados ao santo, como em tantas cidades mundo afora. Mas na bela e caótica capital da Campânia, a comemoração religiosa confunde-se com um festejo da gula. É dia também de comer zeppola, doce irresistível. Aliás, como nunca come-se uma só, a palavra quase nunca é usada no modo singular, mas no plural: zeppole.

Com um formato que faz lembrar um doughnut, as zeppole são fritas com precisão para que fiquem douradas por fora e uma massa quase etérea por dentro. Os recheios e coberturas podem variar.

Na receita clássica napolitana, originalmente levava apenas uma calda de mel. Depois, passou a ser enriquecida com um creme e um toque de amarena, que em outros locais é substituída pela cereja comum, em geral, ao marasquino.

Como registra Jeanne Francesconi, em seu belo livro de receitas “La Cucina Napoletana”: “Todas as doçarias e as lojas de ‘friggitorie’ (lojas e barracas de guloseimas fritas) transbordam de zeppole e vendem quantidades inverossímeis: comer zeppole no dia 19 de março é outra daquelas tradições que devem ser seguidas e, apesar do volume, todo bom cidadão come duas, três, quatro”.

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Aliás, na década de 60 quando do lançamento do livro, bancas de ambulantes inundavam as ruas e dispunham-se enfileiradas sobre as calçadas para também oferecer a gostosura.

Não se sabe quem ao certo inventou a zeppola. A receita é uma antiga tradição de longa data. Mas o homem que resolveu colocar uma frigideira na calçada para atiçar o apetite dos transeuntes que iam à igreja para fazer suas preces a São José era um famoso confeiteiro. No já distante ano de 1840, Pasquale Pintauro resolveu usar do artifício. E obteve sucesso absoluto.

Nesses mais de 150 anos, a receita se aprimorou. No Brasil, as versões existentes foram trazidas na bagagem e na memória dos italianos do sul, imigrantes que adotaram uma nova pátria.

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Em São Paulo, o doce é encontrado o ano todo na tradicional Di Cunto, com sede na Mooca. Servido desde a década de 1950, ganha as vitrines o ano inteiro. Como no clássico napolitano, a massa frita. Em seguida, banhada em calda de laranjeira e salpicada de castanha de caju. Vendida em versão individual (7 reais) e grande (13 reais).

Até este sábado, a zeppola também pode ser pedida na Casa Santa Luzia até este sábado (20). Em vez de frita, a massa, no estilo de uma carolina, é assada. Depois de fria, ganha recheio e cobertura de creme de confeiteiro aromatizado com fava de baunilha. Para finalizar, recebe cereja amarena na cobertura. É expedida em versão individual de 70 gramas (12,70 reais) e para partilhar (a melhor), de 410 gramas (59 reais).

Casa Santa Luzia. Alameda Lorena, 1471, Jardim Paulista, tel. 3897-5000. Delivery: próprio.

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Di Cunto. Rua Borges de Figueiredo, 61, Mooca, tel. 2081-7100. Delivery: próprio e iFood.

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